Fugas - Viagens

Paulo Ricca

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As agências de viagens não passaram de moda

Rui Sousa-Silva parece confirmá-lo ao dizer que as situações profissionais são aquelas em que viaja sempre através de agências, uma vez que a instituição para a qual trabalha recorre sempre a elas. Já em termos pessoais, só uma vez viajou com agência por sua iniciativa, outra vez em contexto familiar — e a sua melhor experiência com agências de viagens acabou por não se concretizar. Das duas primeiras vezes surgiram problemas que as agências provocaram e não resolveram (um hotel que não era o escolhido e uma alteração de voos que roubou um dia às férias) e houve uma tentativa de adiamento de voo e prolongamento de estadia pela qual a agência pedia uma quantia exorbitante. Ligou directamente para a companhia de aviação e fez a alteração, para duas pessoas, por 200 euros (a agência pedia 420 euros), falou com o hotel, que ofereceu uma noite. No total, o adiamento ficou-lhe por 300 euros, face aos mais de 700 pedidos pela agência. “Com tudo isto, por que vou recorrer a agências?”, interroga-se. “A segurança é boa, mas quando corre mal e não ajudam a experiência é péssima. Qual a vantagem se temos de ser nós a resolver tudo? Cheguei a perguntar-lhes quem era a agência, se eles ou eu.”

Mas houve, então, a terceira vez. “Recorremos a agências porque só podíamos ter férias em Agosto, o que fica muito caro. Pensei que aí conseguíssemos preços mais baratos. E nos dessem ideias, contámos com o know how das pessoas.” Já tinham mais ou menos decidido um destino e foram a nova agência para comparar preços. A conversa com a funcionária foi esclarecedora. “Vocês vão ter umas férias muito infelizes”, disse ela em relação aos planos deles. E no final confessou-lhes: “Não tenho destino para vocês.” “Ela fez aquilo que nós esperávamos, fez o nosso perfil e foi honesta”, declara Rui Sousa-Silva. Marcaram férias directamente, pela Internet, mas se algum dia voltarem a agências sabem onde ir. “As pessoas que estão nas agências são muito importantes. Não interessa se a agência é conceituada mas os funcionários não sabem o que estão a fazer.”

E o capital humano tem de ser outra das mais-valias das agências de viagens, assume a APAVT. “Nas viagens de lazer, a profusão de informação não significa, nas viagens como em qualquer outro assunto, conhecimento. As agências de viagens conhecem aqui novas oportunidades, menos no âmbito técnico e mais na área da consultoria e acompanhamento.” Celina Almeida já teve más experiências em agências de viagens — a viagem a Canoa Quebrada (Brasil), onde “o resort era um estábulo”, estará no topo: recusaram-se a ficar no hotel, arranjaram outro e a agência depois assumiu as despesas —, no entanto é (mais ou menos) fiel à mesma há muito anos. “Até me perguntam pelo Guga [cão]!”, exclama satisfeita. Constantino Oliveira, o marido, realça a relação de confiança. “Em Novembro fui à agência, queríamos ir a Cabo Verde no final do ano. O preço estava muito alto e a funcionária disse-me: ‘Por que vão na passagem de ano? É normal lá. E como vocês até já conhecem, por que não aproveitam o desconto de 50% na Páscoa?”. Por esta altura estarão nas areias do Sal, já com olhos postos na viagem de final do ano, Dubai, em princípio. “Já sondei, mas disseram-me que era muito cedo ainda.”

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