E o capital humano tem de ser outra das mais-valias das agências de viagens, assume a APAVT. “Nas viagens de lazer, a profusão de informação não significa, nas viagens como em qualquer outro assunto, conhecimento. As agências de viagens conhecem aqui novas oportunidades, menos no âmbito técnico e mais na área da consultoria e acompanhamento.” Celina Almeida já teve más experiências em agências de viagens — a viagem a Canoa Quebrada (Brasil), onde “o resort era um estábulo”, estará no topo: recusaram-se a ficar no hotel, arranjaram outro e a agência depois assumiu as despesas —, no entanto é (mais ou menos) fiel à mesma há muito anos. “Até me perguntam pelo Guga [cão]!”, exclama satisfeita. Constantino Oliveira, o marido, realça a relação de confiança. “Em Novembro fui à agência, queríamos ir a Cabo Verde no final do ano. O preço estava muito alto e a funcionária disse-me: ‘Por que vão na passagem de ano? É normal lá. E como vocês até já conhecem, por que não aproveitam o desconto de 50% na Páscoa?”. Por esta altura estarão nas areias do Sal, já com olhos postos na viagem de final do ano, Dubai, em princípio. “Já sondei, mas disseram-me que era muito cedo ainda.”
Assumem que as agências lhes dão segurança e o conforto de ter alguém à espera quando chegam aos destinos. “Nós somos aqueles dos cartazes”, brinca Celina Almeida. E quando estão instalados gostam das opções de excursões que todos os dias lhes são apresentadas e de haver alguém a falar português. No entanto, se a relação com as agências de viagens é de amor, este não é incondicional. Há uns anos, a marcarem uns dias de férias no Algarve, num hotel já habitual, acharam o preço caro; mas na Internet descobriram uma agência londrina que fazia metade, menos ainda do que o próprio hotel directamente. “Íamos com medo que aquilo fosse uma trapacice”, reconhece Celina. Não foi. E o ano passado foi Constantino, o mais avesso a tudo o que não seja agências, a cair em tentação. Novamente com um hotel em Portugal, que acabou reservado num popular motor de busca. Pela mulher. “Ele até anda pela Internet a ver, mas prefere não marcar. Quer tudo preto no branco, faz-lhe muita confusão.” Por isso, ainda pende para as agências, algo que não passou para a filha, de 33 anos, que quando não viaja com os pais marca tudo por si própria, diz Celina.
Com os pais, viaja para praias mais ou menos exóticas e é a principal impulsionadora das viagens em circuitos europeus. “Gosta muito de história e de museus”, diz Celina Almeida. Essas são as viagens que Rui Santos-Silva que considera assentarem melhor às agências — e as que lhe causam maior alergia. “Não quero ir de férias para levantar-me às 7h para terminar o dia a 500 quilómetros de distância, rodeado de uma multidão de gente. Sou perfeitamente feliz passando a tarde toda numa esplanada. Eu gosto de ver a vida da cidade, não necessito de igrejas e museus.” Contudo, não coloca de parte a possibilidade de voltar a agências de viagens, em “circunstâncias pontuais”. “Há destinos mais complexos do que outros e há agências mais especializadas em determinadas regiões”, reflecte. “Para ir à Ásia, por exemplo, iria recorrer a uma agência destas... Mas também podia acontecer que tivesse disponibilidade e faria eu próprio uma busca para montar a viagem”, acrescenta.