- É ele que me pede para vir para aqui. E fica aborrecido se não o trago comigo.
Singapore Sling
Eddie Koh aprecia uma cerveja fresca mas nunca provou um Singapore Sling.
- Os meus amigos dizem-me que é saboroso, frutado, agradável.
Mal a noite tomba, de volta a Singapura, o mítico Hotel Raffles é o meu próximo destino. Inaugurado em 1887 pelos irmãos Sarkies, naturais da Arménia, é um verdadeiro ícone da arquitectura colonial e se, nesse tempo distante, se resumia a um bungalow com apenas dez quartos, no final do século era já um digno representante da opulência oriental, abrigando a elite inglesa e figuras do mundo literário.
Precisamente no ano em que Singapura celebra 50 anos de independência, o Singapore Sling comemora o seu centenário — foi no Raffles que, em 1915, o empregado de bar Ngiam Tong Boon criou o famoso cocktail que hoje não conhece fronteiras e é a principal atracção do hotel que, após um período de decadência, a partir de 1970, reabriu em 1990, uma vez concluídas as obras de remodelação que tiveram um custo de 100 milhões de euros. Mas não é a única: o Raffles Museum também atrai (é gratuito) um razoável número de visitantes e, mesmo sob a sala de bilhar, foi abatido, em 1902, ainda antes do Singapore Sling se dar a conhecer ao mundo, o último tigre de Singapura.
Tigres, elefantes, zebras, leões, girafas e tantas outras espécies, num total de mais de dois mil residentes e nem um único dentro de uma jaula, parecem viver felizes e proporcionar felicidade às crianças (mas também aos adultos) no Singapore Zoo, um espaço que se expande ao longo de 28 hectares — e nem sequer falta uma réplica do Grande Vale do Rift da Etiópia, onde convivem diferentes ecossistemas. A visita pode ser feita a pé ou num pequeno comboio e não faltam os espectáculos e as possibilidades de observar os animais a serem alimentados, bem como de realizar um safari nocturno (entre as 19h30 e as 24h), que funciona separadamente e oferece três trilhos que serpenteiam entre 40 hectares de parque florestal.
Singapura tem, na verdade, o melhor jardim zoológico do mundo — tão em contraste com alguns onde o cimento define a paisagem — e o encanto que produz é bem visível, à saída, no rosto dos mais pequenos, cansados mas sorridentes, olhando para trás, contentes com o que viram e tristes por partirem.
A tristeza esfuma-se quando, no dia seguinte, começam a descobrir um mundo novo, ainda eufóricos após uma viagem de teleférico no céu de Singapura, admirando os arranha-céus e o porto em permanente bulício, indiferentes à vertigem que é motivo de pânico para alguns dos mais velhos. Sentosa Island, antiga aldeia de pescadores e base militar inglesa, não é, uma vez mais, sinónimo de felicidade somente para as crianças — mas são elas quem mais se divertem nesta zona de recreio onde não falta uma pequena praia, com a sua delicada baía e as suas pontes suspensas.
Sentadas na areia e protegidas pelos ramos das palmeiras ou por sombrinhas, as famílias, provenientes da Índia ou do Bangladesh, do Paquistão ou do Sri Lanka, estendem as suas mantas aos fins-de-semana e, sobre elas, com as suas tonalidades garridas, tudo o que trazem de casa, já confeccionado, enchendo o ar de odores inebriantes, enquanto os petizes se entretêm com um jogo de críquete ou de futebol, após uma visita ao parque temático da Universal Studios, ao Underwater World, com a sua baía onde actuam golfinhos felizes e o aquário com 2500 peixes de 250 espécies distintas, e uma visão ampla desde o Merlion, imponente nos seus 40 metros de altura.