Na primeira povoação, acompanha-se o “dónute” de coco com uma Coca-Cola Nha Kretcheu (“gosto de ti”, em crioulo cabo-verdiano). Na segunda, encontra-se Mário (nome fictício) no alpendre, a refrescar o tempo. Depois da emigração e do mar que o levou às neves suecas e “por todo o mundo”, quis voltar à terra. “Tenho uma casa de praia aqui perto, onde vou passar os fins-de-semana”, conta, a fazer-nos ver que uma ilha é mundo suficiente para ter para onde viajar. Nesta, até há um deserto no meio, o de Viana.
Sentimos Diddy cansado. As sestas são-lhe curtas. Põe-nos num instante no hotel para que as águas mansas da piscina, à vista, façam assentar as ideias de um dia sobre rodas. Os animadores puxam para dançar, tramam aulas de ginástica, chamam para cocktails de abacaxi. “Vamos adequando os nossos programas ao público do resort. No Verão, por exemplo, há muita animação e muita festa”, explica o belga Nick Wauters, responsável pela equipa de animação do Iberostar. Vive em Cabo Verde há 15 anos e chegou a gerir o Mazurca, a mítica discoteca dos boavistenses. Conta que os ritmos estão a sair da morna (que se diz ser originária desta ilha) e da coladeira para chegar mais ao zouk e ao kizomba. “É a nova geração”, resume, com a certeza clássica de que “qualquer cabo-verdiano gosta de festa”.
Mas a Boa Vista não é ilha de arromba, isso é certo. “Festa faz-se em São Vicente”, confirmaram os conversadores desta viagem, ainda que aqui se dance com mais vontade do que em qualquer canto português (no Mazurca, no Max Clube ou no Morabeza, de pé na areia). A festa da Boa Vista faz-se em ver um humano acenar numa extensa paisagem de terra. Ter no coração um deserto e nos braços o lugar onde milhares de tartarugas caretta caretta – o símbolo da ilha – desovam todos os anos não é para todos os lugares. É para este, onde o mundo é tão largo que nos faz querer correr na praia em vez de nos fixarmos nela.
GUIA PRÁTICO
Como ir
Todas as terças-feiras e sábados a TAP opera voos directos entre Lisboa, Porto, Faro e a Boa Vista por um valor próximo dos 500 euros. Nos restantes dias, é preciso fazer escala na ilha do Sal. No caso de se optar por um pacote de viagem e alojamento, a Soltrópico propõe estadias mínimas de uma semana, no Verão, a partir de 629 euros.
Onde ficar
São diversas as opções de alojamento na ilha, com preços muito variáveis. A Fugas ficou hospedada em regime all inclusive no Iberostar Club Boa Vista, resort 5 estrelas deitado sobre a praia de Chaves, com comodidades como spa, piscina, restaurantes, lojas e ginásio.
Em Agosto, sete noites no Iberostar, com tudo incluído, rondam os 915 euros para duas pessoas. Até dia 18 de Outubro, é possível usufruir de um programa especial que inclui o voo desde Lisboa e sete noites na ilha cabo-verdiana (reservas até dia 30 de Junho) por preços a partir dos 790 euros. Para as crianças, o pacote é gratuito. Mais informações em www.soltropico.pt.
Para quem pretende um modelo diferente do resort (e também mais económico), os preços vão desde os 151 euros por 14 noites (sem pequeno-almoço), em hotéis como o La Boaventura, em Sal Rei.