Fugas - Viagens

  • Na ilha Koh Chang
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  • Em Trat
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  • Em Ban­gue­co­que
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  • Em Ban­gue­co­que, pad thai num res­tau­rante que é uma ins­ti­tui­ção na cidade, o Thip Samai
    Em Ban­gue­co­que, pad thai num res­tau­rante que é uma ins­ti­tui­ção na cidade, o Thip Samai

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A Tailândia como nunca a vimos, como sempre foi

Exactas e firmes são as mãos que tecem os ngop, os chapéus de folhas de palmeira nipa, abundantes nos mangues circundantes. Mas isto é o que imaginamos: um imprevisto no nosso barco impediu-nos de assistir ao workshop – e de fazer o passeio de bicicleta por entre campos onde se descobrem altares inesperados, contam-nos – deste que é um dos produtos mais emblemáticos de Ban Nam Chiao, descendentes dos chapéus de bambu chineses utlizados pelos antigos comerciantes que andaram por estas paragens. Ficamos, porém, com um chapéu, que é bom para o sol e para a chuva (apropriado para o clima destes dias abafados e húmidos) como recordação – agora tens de plantar um arrozal, brinca alguém. Parece-nos justo, pensamos, quando sobrevoamos Trat no regresso a Banguecoque e miramos o território plano e alagado – sempre a cor de lama – com aldeias como ilhas. Ainda não o fizemos. E também ainda não saímos de Trat.

Em busca dos rubis perdidos

O Camboja está mesmo ali, no horizonte montanhoso. Trat está encostada ao vizinho, mas nunca estaremos tão perto como hoje, em Bo Rai, distrito que já foi uma espécie de Oeste americano quando o Oeste americano andava à procura de ouro. Aqui, o ouro eram rubis. E já quase desapareceram. É por isso que hoje estamos nas traseiras deste edifício cor-de-rosa e branco que alberga o Museu das Pedras Preciosas – e, claro, são todas rubis. Mas na verdade não vemos muitos, este é um museu de cariz, sobretudo, etnográfico, que conta a saga da descoberta, auge e decadência do garimpo nestas paragens. Aqui fora, é a decadência que se revela em toda a sua esplendorosa tristeza: a maquinaria, rudimentar, que servia para fazer a separação do cascalho repousa abandonada e enferrujada junto ao lago que brotou no sítio onde antes se extraíam rubis. No interior, é todo o processo de descoberta, garimpo, venda e compra de ouro com os lucros (e até truques comuns para “aperfeiçoar” os rubis e fazer o preço subir), que vemos passar diante dos nossos olhos, em cenários que se sucedem com figuras tão reais que não evitamos os sobressaltos a cada nova sala onde entramos, tão reais que confundimos pessoas verdadeiras com eles.

Na realidade, todas as figuras aqui apresentadas têm o seu correspondente “real”: foram feitas à imagem dos verdadeiros pioneiros dos rubis de Bo Rai, que ainda hoje transitam por estas estradas rurais. Uns mantêm-se abastados, outros já perderam tudo, alguns têm cargos públicos. Foi entre 1990 e 2005 que os rubis fizeram a fortuna neste canto da Tailândia, conhecida mundo fora pelas suas pedras preciosas, e atraíram habitantes de outras regiões que acabaram por fixar-se aqui. Contudo, passado o boom, passada a depressão, espera-se que a preservação da memória desta “febre dos rubis” traga nova bonança, com a atracção de mais turistas: aberto há dois anos, o museu teve 10 mil visitantes – mil estrangeiros (um número que pode aumentar significativamente quando, em Dezembro, as fronteiras com o Camboja forem abolidas e o livre-trânsito de pessoas entre os 10 países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) se tornar uma realidade). Há, no entanto, muito trabalho pela frente, até para conquistar o público doméstico. “Mesmo na Tailândia há muita gente que nunca ouviu falar dos rubis de Bo Rai, conhecem os de Chanthaburi”, explica B’, que sempre viveu aqui e sabe distinguir os rubis das outras pedras. Já encontrou algum? “Tenho uma pedra em casa” – faz o gesto de quem a tem escondida e esboça, claro, um sorriso.

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