Fugas - Viagens

  • Na ilha Koh Chang
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  • Em Trat
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  • Em Ban­gue­co­que
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  • Em Ban­gue­co­que, pad thai num res­tau­rante que é uma ins­ti­tui­ção na cidade, o Thip Samai
    Em Ban­gue­co­que, pad thai num res­tau­rante que é uma ins­ti­tui­ção na cidade, o Thip Samai

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A Tailândia como nunca a vimos, como sempre foi

Nós vamos em busca deles no Khlong Aeng (canal), sem sucesso. É P’ Samnao quem nos guia por estas andanças, “à moda antiga”, a única permitida hoje em dia após a proibição governamental do uso de máquinas (as pedras estavam a acabar) – e é assim que nos vemos no meio do rio com uma peneira na mão a olhar pedrinhas minúsculas. A corrente está forte e a água está lamacenta (e iremos ver outra cor?), consequência das chuvas fortes dos últimos dias (a época da monção já se instalou no país), que ajuda a arrastar detritos montanhas abaixo. Com eles chegam as (escassas) novas pedras preciosas, como aquelas que protagonizaram a última grande descoberta na região: duas, de oito e 12 quilates, sendo que cada quilate vale 100 mil bahts, cerca de 2500 euros.

Terminamos sem rubis, mas aprendemos a fazer diques artesanalmente, uma vez mais recorrendo materiais naturais (folhas de palmeira e paus) e temos direito a um banho de lama branca. Estas são algumas das experiências proporcionadas pelo Ecomuseu ao Vivo de Chong Changtune que, como o nome o diz, é um museu com vida, a vida dos Chong, os anfitriões. Têm como lema “o que retiramos da natureza temos de repor”, que agora está ao serviço do turismo. E da própria região que, depois de anos a ser esventrada em busca de rubis, viu a sua natureza recuar e a seca instalar-se: os Chong, vivendo numa zona que é fonte de água e com o conhecimento do ecossistema que herdaram dos seus antepassados, são vistos como uma espécie de manuais vivos do convívio equilibrado com o meio natural. Esse saber é transmitido de geração em geração e partilhado com os forasteiros: vemos como de plantas e ervas endémicas se faz um bálsamo (tipo Vicks) e sentimos na pele como uma terapia ancestral para as grávidas recuperarem dos partos se pode transformar numa sauna idiossincrática. “Como tínhamos medo que os turistas não aguentassem fizemos um buraco para a cabeça”, diz P’ Samnao. O resultado é uma espécie de cesto gigante, feito de bambu e folhas de palmeira, dentro do qual uma panela de pressão produz o vapor: nós estamos lá dentro, sentados num banco com a cabeça de fora, afagada por toalhas. Chamam-lhe “gaiola de galinhas” e nós sentimo-nos a ser cozinhados lentamente lá dentro. Mas este spa rústico, ao ar livre – e pouco tranquilo, já que estamos no epicentro do complexo do museu – ainda nos reserva uma massagem. Escolhemos a tailandesa.

E quando partimos, uma recordação de que a família real tailandesa tem um estatuto quase divino. Um mural num velho edifício representa a segunda filha do rei, que completou 60 anos recentemente. Em Banguecoque tal é assinalado à exaustão, com os retratos da princesa a preencherem as principais ruas da cidade, sempre envoltos em roxo, a cor do seu dia de nascimento, um sábado. Está a dividir o protagonismo do seu pai, o rei Rama IX, que nos saúda amplamente no aeroporto e depois parece seguir-nos por todo o lado – em Trat, já o “vimos” várias vezes também. “Há duas coisas que os tailandeses respeitam acima de tudo: a monarquia, adoramos o rei, e a religião”, ouvimos de vários tailandeses. Agora, que ele tem 84 (sete ciclos na religião budista, cada qual correspondendo a 12 anos) anos e está no hospital, o país ainda se preocupa mais com o monarca que “promoveu a distribuição gratuita de leite pelas famílias mais pobres e a criação de campos experimentais de arroz para ajudar a combater a fome”, descrevem-nos. Há quem o leve junto ao peito, em medalhas, e quem ousar falar mal dele ou da sua família tem a prisão como destino certo.

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