Fugas - Viagens

  • A mestre destiladora Lesley
Grace, com a sua longa trança
prateada, é quem nos guia pelo
“Palácio do Gin”
    A mestre destiladora Lesley Grace, com a sua longa trança prateada, é quem nos guia pelo “Palácio do Gin”

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Na Escócia, o nosso guia chama-se gin

E o que é que isto tudo tem a ver com a Hendrick’s? Pouco, mas é sempre possível arranjar uma (ténue) ligação: é que parte do granito usado no fabrico das pedras do jogo é proveniente de Alisa Craig, uma pequena ilha junto à costa da Escócia que, sim, se a neblina deixar, pode ser vista junto à destilaria onde é fabricado o gin.

Craigengillan Estate

Em Craigengillan temos pena do que não vimos. O que foi praticamente tudo… Chegámos noite cerrada, para jantar, e, apesar de nos falarem da beleza da propriedade (estabelecida no século XVI, mas que nos últimos anos tem estado a ser restaurada pelos novos proprietários), a escuridão que faz deste um dos melhores sítios da Escócia para observar as estrelas — e até foi construído ali um Observatória para isso — não nos deixa adivinhar seja o que for. Os nossos anfitriões da Hendrick’s vão-nos animando com a indicação de que esta é uma casa misteriosa, que podia ser usada como cenário de um filme de terror, mas nada de assustador acontece enquanto lá estamos. Muito pelo contrário.

Cenário privilegiado da marca de gin para receber alguns convidados, somos brindados com uma performance sobre Gin e Literatura e a prova de vários cocktails. Nem fantasmas nem ruídos estranhos, só algumas gargalhadas e aplausos no final.

Destilaria de Garvin

Última paragem da viagem e, na realidade, o verdadeiro motivo pelo qual estamos aqui — a visita à destilaria onde é fabricado o gin Hendrick’s. O “Palácio do Gin” é o território privilegiado da mestre destiladora Lesley Grace e é ela, com a sua longa trança prateada, que nos guia pelos seus domínios.

E os domínios da Hendrick’s são fantasticamente pequenos. Um pequeno edifício de tijolo vermelho, com ramos de zimbro desenhados nos vidros das portas, é o local de onde sai “cada gota de Hendrick’s que se encontra no mundo”, explica. Lá dentro, numa sala ampla, que parece tirada de um filme do século XIX, estão “os bebés” de Grace: dois alambiques antigos e um novo, do ano passado, que é a réplica exacta de um dos mais velhos.

O gin que aqui se fabrica só é o gin que aqui se fabrica se incluir o produto destilado pelos dois velhos alambiques; se esse produto incluir as onze espécies já referidas e se a tudo isto se juntar extracto de rosa da Bulgária e de pepino. Sim, pepino. Hendrick’s sem pepino não é Hendrick’s.

Apesar de o gin ter já séculos de história, nunca se pensara nesta combinação até Lesley Grace assumir o comando. E porquê rosas e pepino? “Porque são muito britânicos. Quando se pensa nesse conceito de britânico, o que nos ocorre são jardins de rosa e sanduícches de pepino”, diz. Será.

Lesley Grace explica, com um carinho e cuidado extraordinários, cada fase do processo que ocorre ali, na destilaria, e com o mesmo encanto infantil levanta a tampa de cada uma das caixas de madeira onde são armazenadas as espécies botânicas usadas no fabrico do gin. Esta poderá muito bem ser a última visita que ela orienta durante vários meses.

A destilaria, instalada no complexo mais amplo da William Grant & Sons (produtora do whisky Grant’s) vai estar fechada a qualquer visitante, pelo menos até Setembro de 2016, para se preparar, precisamente, para receber mais visitantes.

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