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Luzes sobre as águas (e mais cinco programas de Inverno em Amesterdão)

A exposição que está actualmente (e até 31 de Janeiro) no Museu Cobra, em Amstelveen, a sul de Amesterdão, recupera a história desse encontro entre Cobra e Miró e mostra como, apesar de serem de duas gerações diferentes, uns e o outro se influenciaram mutuamente. A exposição inclui uma reconstituição do estúdio de Miró em Palma de Maiorca e outra, parcial, de uma das duas exposições históricas do movimento Cobra.

Cobra Museum
Sandbergplein 1, Amstelveen
www.cobra-museum.nl
Miró e Cobra (até 31 de Janeiro)
Horário: das 11h às 17h de terça a domingo
Preço: 9,50€


Sinagoga Portuguesa

É uma das visitas imperdíveis para quem vai a Amesterdão. O solene edifício que continua a ser usado como sinagoga pela comunidade judaica da cidade conta uma história fundamental para percebermos a própria fundação dos Países Baixos.

Sem electricidade, a sinagoga, oficialmente chamada Esnoga, é, para as suas cerimónias, iluminada apenas com a luz de mil velas que se espalham por todo o enorme espaço em imponentes candelabros. Há um apoio áudio para a visita, ajudando-nos a entender toda a simbologia do local e a forma como se desenrolam as cerimónias religiosas, que continuam a usar o sefardi como língua litúrgica.

A sinagoga data do século XVII, a Idade de Ouro holandesa, e foi construída pelos judeus sefarditas que tinham sido expulsos primeiro de Espanha e depois de Portugal. No início daquele século, esses judeus portugueses reuniam-se em casa de um comerciante, Jacob Tirado, que era usada como sinagoga. Com o crescimento da comunidade, concluíram que era necessário construir um espaço de culto maior e a imponente sinagoga, de exterior austero, surgiu, tornando-se, pela sua dimensão, única na Europa, podendo acolher até 1600 pessoas.

Esta dimensão era reveladora do estatuto que tinham os judeus, vítimas de perseguição noutros lados, nos Países Baixos, que se tinham libertado do domínio da Espanha católica e embarcavam no caminho do protestantismo. Era precisamente por causa da guerra com os espanhóis, e com a preocupação de não serem identificados com o inimigo, que mesmo os judeus que fugiram de Espanha eram chamados de “portugueses”.

Graças à relativa liberdade de que gozavam, os judeus portugueses puderam ter um papel importante na Idade de Ouro holandesa, contribuindo para o desenvolvimento económico mas também social e cultural do país. Isso não impediu, contudo, que a comunidade fosse quase dizimada, séculos mais tarde, pelos nazis. Os poucos judeus que restaram — 20 mil dos cerca de 140 mil que viviam na Holanda antes da invasão alemã — conseguiram, contudo, reerguer-se e hoje a sinagoga que, inexplicavelmente, foi poupada pelos nazis, e o bairro judeu de Amesterdão são locais de enorme importância para quem quer conhecer a cidade.

Do outro lado da rua, em frente à sinagoga, existe o Museu Histórico Judaico, onde toda esta história é contada. Actualmente, e até 14 de Fevereiro, pode ser vista no museu uma exposição absolutamente a não perder: as fotografias que Leonard Freed (1929-2006), filho de judeus russos que emigraram para Nova Iorque e fotógrafo da Magnum, fez nos anos 50 e 60 da vida quotidiana da comunidade judaica de Amesterdão. Algumas das imagens, relativas a cerimónias religiosas, estão expostas dentro da sinagoga, as restantes no museu na exposição After the War Was Over. São um retrato extraordinário de um momento da vida dos judeus de Amesterdão.

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