Fugas - Viagens

  • PHIL NOBLE / REUTERS
  • PHIL NOBLE / REUTERS
  • SOUSA RIBEIRO
  • PAULO RICCA
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • PAULO RICCA
  • PAULO RICCA
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO
  • SOUSA RIBEIRO

Continuação: página 4 de 8

Liverpool: Na rota dos mais famosos scousers

O próprio Titanic, com uma paragem prevista (cancelada no último minuto) em Liverpool durante o trajecto entre Belfast e Southampton — de onde partiu antes de se afundar a 15 de Abril de 1912 provocando a morte de 1500 pessoas — tem fortes ligações à cidade: a White Star Line, proprietária, entre outros, do navio que colidiu com um icebergue no Oceano Atlântico foi fundada em Liverpool por Thomas Ismay — e nela trabalhou, como dispensário, Harold Hargreaves Harrison, o pai de George Harrison; a sede da companhia era na 30 James Street, em Albion House, onde também se encontrava o escritório de Joseph Bruce Ismay, filho do fundador, presidente da firma na altura e alvo de fortes críticas (foi um dos sobreviventes); finalmente, uma boa parte da tripulação era originária de Liverpool, uma empresa local responsabilizou-se pela organização da orquestra a bordo e mesmo o mítico sino do Titanic foi construído em Merseyside.

Com o início da II Guerra Mundial, a cidade e o seu porto voltaram a adquirir importância, especialmente face ao desembarque de mais um milhão de soldados norte-americanos nas vésperas do Dia D. E com eles, além de armamento, chegavam as mais recentes novidades em discos, os novos ritmos, os blues, dando origem ao rock and roll e oferecendo à cidade a oportunidade de se transformar, 20 anos mais tarde, com o designado Mersey Beat, na rainha do pop britânico, de onde emergiram quatro scousers (assim são denominados os habitantes locais devido ao scouse, um prato típico que é, basicamente, uma versão do estufado irlandês e composto de ingredientes que incluem batatas, cenouras, borrego, cebolas e especiarias).

Liverpool, com uma populaçao maioritariamente branca (mais de 90%), é uma cidade encantadora e produz ainda mais encanto vista do rio Mersey, como se prestasse o seu tributo à água, a quem tanto ficou a dever em mais de oito séculos desde a sua fundação (celebrou 800 anos em 2007 e no ano seguinte foi capital europeia da cultura). Navegando a bordo de um ferry ou simplesmente caminhando ao longo da margem oposta, perscrutam-se, projectando-se contra o céu, as Três Graças que embelezam o Pier Head. São três construçoes magnificentes que prendem todos os olhares, cada uma com o seu estilo, todas elas ricas em ornamentações: o edifício do porto de Liverpool, o Cunard e o Royal Liver, este último com as suas torres que se erguem para a abóbada do mundo e encimados por grandes pássaros em cobre.

Levantadas entre 1907 e 1916, as Três Graças estiveram na iminência de ter a companhia de uma quarta, designada The Cloud e desenhada pelo arquitecto inglês Will Alsop, vencedor do Stirling Prize, o mais prestigiado prémio de arquitectura no Reino Unido, com o projecto desenhado para a Peckham Library, em Londres. Mas a controvérsia face ao receio de descaracterização do espaço — se bem que, à altura da sua construção, o Royal Liver também foi alvo de fortes críticas e hoje é adorado por todos os residentes — e os elevados custos (220 milhões de libras era o orçamento inicial mas rapidamente resultou num aumento em espiral dos custos) de um projecto futurista que deveria acolher um hotel de cinco estrelas, escritórios e um museu conduziram ao seu cancelamento e a uma recolocação na cidade de Toronto. 

--%>