Fugas - Viagens

  • Lazarim
    Lazarim Luís Maio
  • Lazarim
    Lazarim Luís Maio
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Lazarim
    Lazarim Luís Maio
  • Lazarim
    Lazarim Luís Maio
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Lindoso
    Lindoso Marco Maurício
  • Famalicão
    Famalicão DR

Continuação: página 2 de 3

Portugal, outros Carnavais

Famalicão
Uma rave party por toda a cidade

A primeira regra é ir fantasiado, a segunda é que não é para ver mas para participar, e a terceira é que não há regras para viver o Carnaval em Vila Nova de Famalicão. É assim, de forma livre e espontânea, que se vive a noite da próxima segunda-feira na cidade minhota e, por isso, se diz que é diferente de todos os outros.

Não há programa nem atracções, muito menos animadores, actores ou caras conhecidas das novelas ou televisões. Todos são intervenientes, desde que fantasiados e com espírito de folia. Dos avós aos mais novos, mas sobretudo jovens numa noite em que todos são jovens até às quatro ou cinco da manhã. Famílias inteiras, trupes e grupos mais ou menos organizados num movimento contagiante que enche ruas e praças ao longo da madrugada.

Uma espécie de caos criativo e contaminante, onde cada um faz o que lhe apetece e anda por onde lhe apetece, desafiando regras e convenções. Desta forma a cidade como que fica virada do avesso, do que é o melhor exemplo o que se passa com bares e cafés, que, também eles, saltam para a rua. Literalmente. Balcões, bebidas e barris de cerveja são colocados fora de portas, há sempre um DJ cujo ritmo e decibéis competem com o vizinho do lado ou da frente. É até normal que o DJ se instale na varanda, com focos coloridos, bola de cristal e tudo, acumulando-se a multidão fantasiada a danças no meio das ruas, nas quais fica difícil ou mesmo impossível transitar madrugada dentro.

O centro da cidade transforma-se, assim, numa espécie de descomunal discoteca, com ritmos diversos e toda a gente animada de copo na mão. Todos fantasiados, ninguém se conhece, todos se dão. É, pois, um Carnaval, inorgânico, de raiz urbana e contemporânea, mas cuja vivência remete para a tradição do Entrudo, com as pessoas mascaradas e despidas de preconceitos e convenções.

E, em boa verdade, foram os bares os culpados deste fenómeno que começou há pouco mais de uma década. No início, os da curta Rua de Camões, fechada ao trânsito. A clientela, exclusivamente jovem, começou a ir mascarada, o volume da música a subir e o pessoal a circular entre os bares que se alinham lado a lado ao longo da rua. Virou moda e cada vez chegava mais gente, que começou a ocupar a rua quando já não cabiam no interior.

A tolerância foi crescendo e, aos poucos, o movimento alastrou a toda a zona envolvente ao Parque da Juventude, onde ainda hoje se concentra o grosso dos bares e espaços mais animados. Não só no Carnaval mas também ao longo do ano nas noites de fim-de-semana.

A animação é agora geral e a folia não só contagia os locais como atrai cada vez mais visitantes. São muitos milhares os que se juntam a dançar, deambular, beber e conviver nas ruas do centro da cidade. Num ambiente e espírito jovem, descontraído e irreverente, que nesta noite contagia todas as idades.

Com o tempo e o crescimento do fenómeno, também a câmara e demais autoridades começaram a tomar o controlo da situação. A autarquia apoia, promove e divulga esta noite diferente e única, interdita ruas ao trânsito e fornece apoio logístico aos bares e cafés. Mal a manhã rompe, brigadas de limpeza tratam de recolher os despojos e limpar ruas por onde deambulam ainda muitos foliões e estão literalmente cobertas de copos, garrafas e adereços carnavalescos.

--%>