Fugas - Viagens

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    Lazarim Luís Maio
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    Lindoso Marco Maurício
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    Famalicão DR

Portugal, outros Carnavais

Por Andreia Marques Pereira, José Augusto Moreira

Cinco entrudos diferentes: Lindoso, Lazarim, Aldeia do Bispo, Cabanas do Viriato, Famalicão.

Lindoso
Enterro do Pai Velho

As origens pagãs do carnaval estão à flor da pele no entrudo tradicional de Lindoso (Ponte da Barca), ritual que marca o final do Inverno e o início da Primavera, o fim da hibernação da natureza, o princípio do seu renascimento. Por isso se chama Enterro do Pai Velho, do Inverno, portanto — nos desfiles o carro (de bois) do Pai Velho é feito de ervas secas, com o “pai” , feito de palha e cabeça de madeira, sentado num banco ao centro, em oposição ao porvir, o carro das “ervas” com vegetação bem verde e até camélias. A aldeia, sempre com o castelo como cenário, enche-se do ruído das campainhas dos carros, acompanhado dos bombos, concertinas, ferrinhos e castanholas empunhados por foliões em disfarces tradicionais. O cruzeiro e os espigueiros são os locais centrais dos desfiles, que vão parando em vários pontos para bailaricos e as chamadas “partes” (brincadeiras organizadas ou pequenas sátiras), um no domingo outro na terça-feira, sempre de manhã. As tardes são preenchidas por arraiais e na terça-feira vêm também os “varredouros” para assustar os espíritos malévolos. O culminar das festividades é na noite da terça-feira com as cerimónias fúnebres do “Pai Velho”: missa improvisada, seguida da queima (com as carpideiras de serviço) e leitura do testamento, com muitos recados para as gentes da aldeia. A.M.P.

Lazarim
Diabos à solta

Em Lazarim, aldeia perto de Lamego ali nos contrafortes da serra de Montemuro, também se recua no tempo para um carnaval de diabos à solta. Ou não fossem o seu principal símbolo as máscaras, em madeira de amieiro, traços bem angulosos, quase sempre com cornos, podendo ter bigodes, barbas, língua de fora, queixos proeminentes. São estas máscaras que cobrem rostos e representam homens, os caretos, ou mulheres, as senhoritas, que estão omnipresentes pelas ruas de Lazarim de sábado a terça-feira — dia em que se lêem os testamentos da comadre e do compadre, que é como quem diz, dia em que todas as críticas acumuladas ao longo do ano (por eles e por elas) saem à praça pública em forma de lengalenga satírica. No final, os bonecos representando o casal de más-línguas são queimados (actualmente, os fantoches dançam e estoiram) e segue-se a última ceia carnavalesca com feijoada, caldo de farinha e petiscos tradicionais ao som de muita música. O programa deste ano arranca com a apresentação do livro Rituais com máscara (hoje), passa pelos inevitáveis desfile alegórico (amanhã, com grupos de bombos, de caretos locais e convidados) e cortejo do Entrudo (terça-feira), inclui uma caminhada à Alcaria de Mazes (segunda-feira) e o concurso de máscaras e caretos (terça-feira). Todos os dias serão dias de caretos à solta, barraquinhas e visitas aos artesãos (excepto domingo) — afinal, são estes que mantêm viva a tradição. A.M.P.

Cabanas de Viriato
Dança dos cus

Os cartazes que anunciam Cabanas de Viriato, aldeia de Carregal do Sal famosa por ser o berço de Aristides de Sousa Mendes, como “a capital do Carnaval” serão mais a expressão de um desejo do que da realidade. Contudo, se lhe chamassem a capital da “dança dos cus” dificilmente haveria contraditório. E, na realidade, Carnaval em Cabanas de Viriato equivale a “dança dos cus”, a sua tradição mais arreigada — e singular. Tudo começou no século XIX, quando actores de um grupo de teatro local saíram à rua ao som de valsa em contradança. A chamada “dança grande” acabou por evoluir para a “dança dos cus”: duas filas em dança que ao terceiro compasso viram-se para o centro para um encontrão de traseiros. Este desfile acontece na segunda e terça-feira, sempre ao som de valsas tocadas pela Filarmónica de Cabanas de Viriato. Ao longo de duas horas e meia, três horas, dependendo da adesão popular, mascarados, não mascarados e alguns cabeçudos percorrem as ruas da aldeia em folia quase cortês, apesar do nome. E embora esta dança seja o mais peculiar, este Carnaval não se reduz a ela. E começa uma semana mais cedo do que o normal: este ano, foi no dia 30 de Janeiro, com o também já tradicional Baile do Chapéu. Ontem houve noite de DJ e hoje há o jantar de Carnaval (quantos mais mascarados melhor) seguido de festa. Amanhã é dia de feira anual e de Carnaval para os mais pequeninos, com a noite reservada para o Baile da Fantasia. Segunda e terça-feira há, então, muita dança dos cus — e na segunda-feira há ainda a Noite da Loucura. Tudo “bom e barato”, anuncia a organização. A.M.P.

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