Fugas - Viagens

  • Nuno Ferreira Santos
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A brincar, a brincar, conto contigo para ser livre

Por Alexandra Prado Coelho, Carla B. Ribeiro, Luís J. Santos, Mara Gonçalves

Fechámos a equipa Fugas numa casa de onde só se sai depois de resolver os enigmas. Um jogo de engenho, confiança e trabalho de equipa...

A palavra-chave era confiança. Tínhamos de confiar uns nos outros para conseguirmos escapar. Fechados numa sala, tivemos a perfeita noção de que, sozinhos, nunca sairíamos daquele labirinto de pistas e obstáculos. Alexandra, Carla, Luís e Mara: a equipa Fugas era de quatro mas, no fundo, era só de um. Um herói com quatro cabeças partindo enigmas para dar liberdade ao mundo inteiro. O trabalho em equipa compensou — a confiança compensou.

Sessenta minutos. A porta fecha-se atrás de nós e de repente estamos os quatro sozinhos numa cela minúscula. Um quartinho de prisão que a nossa inexperiência e nervosismo inicial parecem tornar ainda mais pequeno, quatro baratas tontas que se dispersam ao ritmo do piscar vermelho do relógio na parede. Há quem olhe de soslaio para o botão de pânico e secretamente deixe descansar a leve claustrofobia naquele singelo interruptor. Mas é bom não estarmos sozinhos e, sobretudo, é bom não termos tempo para parar, para desistir. É preciso começar a pensar. Temos de nos concentrar, temos de confiar que, juntos, conseguiremos sair daqui sem manchar (muito) a imagem da Fugas. Fomos aconselhados a ser criativos, mas o quarto não parece ter muito que possamos explorar. Como é que achamos algo que nem sabemos estar à procura?

Números. A chave está nos números, tinha avançado Carolina, a nossa game master. Afinal, são código universal e democrático, permitindo que qualquer pessoa possa jogar, independentemente da nacionalidade. Um inteligente piscar de olho aos turistas, mas nós, que fazemos das letras dia-a-dia e profissão, não resistimos a franzir o sobrolho. Se tivermos de confiar nas nossas capacidades matemáticas para sair daqui bem podemos já desistir. Mas não é o caso. Os números aqui são gramática de uma linguagem baseada nas capacidades de raciocínio lógico-dedutivo, de resolução prática de problemas (ou, em bom português, certos dotes para o desenrasque), alguma destreza física (e leia-se agilidade e não força — “não é preciso desmontar nada, saltar para cima de nada ou arrastar mobília”, já tinha avisado Carolina) e muito, muito espírito de equipa.

Entretanto, parece que já passou uma eternidade e ainda não saímos do mesmo sítio. Largassem-nos numa ruela caótica de Banguecoque e não nos sentiríamos tão perdidos. Felizmente, Carolina, qual simpática pitonisa, pressente nas câmaras de vigilância que estamos à deriva (afinal de contas, somos um grupo de exploradores de tesouros perdidos em galeões afundados nas ilhas São Cristóvão (St. Kitts) e Nevis, narrava o prelúdio deste jogo-história) e lança-nos no walkie-talkie o primeiro oráculo para nos salvar à pena capital (do julgamento iminente, acusados injustamente de tráfico de droga, e sobretudo, do cronómetro — a única sentença que, aqui encafuados, nos guia o pensamento). E não é que já tínhamos a solução há muito? Só nos faltava um pouco de habilidade e persistência para abrir o cadeado, para não cairmos na tentação de dispersar e procurar pistas noutro lado, perder tempo com coisas que não têm qualquer significado. Mas, afinal, não é assim tantas vezes na vida?

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