Fugas - Viagens

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    Fallas Heino Kalis/Reuters
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As festas de Valência até ardem

Origens obscuras

As celebrações remontam à Idade Média, até ao tempo em que os carpinteiros, cujo padroeiro é São José, recolhiam durante todo ano as sobras de madeira e as queimavam nessa mesma noite. Como acontece em quase todas as festividades, também as Fallas evocam uma interpretação simbólica que veste a capa de ritual, na forma de uma despedida do Inverno, despojando-se, ao mesmo tempo, de todos os defeitos, desgraças e pecados acumulados ao longo de um ano. Mas as lendas não ficam por aqui: há quem defenda que a combustão dos parots, umas lâmpadas de óleo com vários braços em madeira, eram queimadas à porta das casas, mal o bom tempo fazia a sua aparição, por alturas de São José.

Declaradas festas de Interesse Turístico Internacional e candidatas a Património Mundial da Humanidade da UNESCO, as Fallas abarcam diferentes actos mas alguns, principalmente aqueles que são organizados pela Junta Central Fallera, têm um calendário pré-definido. Tudo tem início com a Crida, logo no último domingo de Fevereiro, quando a Fallera Mayor (a máxima representante da comissão fallera) recebe das mãos do alcalde ou da alcaldesa as chaves da cidade e realiza a chamada, nas portas da mesma, nas Torres de Serranos, de todas as comissões. Já antes (este ano desde o dia 5 de Fevereiro), na sala Arquerias del Museo Príncipe Felipe, na Cidade das Artes e das Ciências, tem lugar a exposição de mais de 700 Ninots (bonecos) que são submetidos a uma votação popular e, uma vez seleccionados os melhores, recolhidos a 14 (no caso dos infantis, já que também existem comissões falleras de crianças) e a 15 de Março pelas comissões. As manifestações sucedem-se, Valência não dorme (os petardos que se ouvem pela manhã para despertar os vizinhos são mal aceites por todos aqueles que não participam nos festejos), desperta para a Cabalgata del Ninot, vibra com a Mascletà, uma explosão pirotécnica diária (de 1 a 19 de Março) na Plaza del Ayuntamiento e anseia pela Plantà, que marca o início da semana fallera e coincide com o momento em que as figuras são colocadas nas ruas da cidade.

De carácter religioso é a Geperudeta, como é conhecida carinhosamente a entrega de flores, por cada comissão, à Virgem dos Desamparados, a padroeira da cidade e da Comunidade Valenciana, e pelo meio sucedem-se os castelos de fogo artificiais, o mais emblemático dos quais aquele que ilumina os céus de Valência na La nit del foc, na noite de 18 para 19 de Março (são mais de dois mil quilos de pólvora), que antecede a La nit de la cremà, que marca o encerramento das Fallas.

A cidade está agora em chamas, Valência arde, todos os monumentos são queimados. 

Lourdes Cortes Domarco não estava a exagerar nas suas palavras.

O cálice e a seda

Se, em Março, Valência está a arder, ao longo de todos os outros meses do ano nunca falta um fósforo que reavive no turista o fogo de a visitar — e pelos mais diferentes motivos. O ano de 2016 reveste-se de especial importância, já que celebra o seu primeiro ano jubilar, convertendo-se num foco de peregrinação para todos os que desejam venerar um dos enigmas mais profundos da história do Cristianismo. O Santo Cálice, repousando na capela homónima da catedral de Valência, a antiga sala capitular, e do qual Jesus Cristo terá bebido durante a Última Ceia, sendo uma relíquia sagrada, é também objecto de fascínio e de múltiplas lendas, intimamente associado à literatura romântica, à tradição folclórica e ao mito do rei Artur. Conta-se que foi São Pedro que levou até Roma, acredita-se que São Lourenço a conduziu até ao sopé dos Pirenéus, daqui terá chegado, não se sabe como, até Saragoça, até que, finalmente, Alfonso V, o magnânimo, a entregou na catedral de Valência em 1437, onde foi utilizada, nas suas missas multitudinárias, por João Paulo II e Benedicto XVI.

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