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  • Sonia e German beijam-se após a troca de rosa e livro no dia de Sant Jordi em Barcelona
    Sonia e German beijam-se após a troca de rosa e livro no dia de Sant Jordi em Barcelona REUTERS/Gustau Nacarino
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São Jorge em Barcelona: São livros e são rosas

- Os escritores autografam os seus livros aos admiradores. O dia de Sant Jordi é um must para qualquer escritor, seja ele popular ou principiante. E como é agradável ver tantos casais apaixonados, estudantes caminhando sem destino e as crianças surpreendidas com a atmosfera festiva ou mesmo sentir o odor que sai das padarias onde, neste dia, se fabrica o pão de Sant Jordi, feito com queijo e sobrasada.

À minha volta, por todo o lado, confirmo as impressões de Carina Sànchez.

Era uma vez

Sant Jordi (para os catalães) terá nascido entre 275 e 281 a.C., na Grécia, e, seguindo o exemplo do pai, tornou-se soldado e oficial do exército romano às ordens do Imperador Diocleciano — que o mandou executar, transformando Jorge, profundamente crente da religião cristã, num santo e mártir. A data da sua morte situa-se em 303, eventualmente no dia 23 de Abril, figurando hoje como santo padroeiro de países tão distintos como Bulgária, Inglaterra, Geórgia e mesmo a Etiópia, sem excluir cidades como Tomboctu, no Mali, maioritariamente muçulmana, e comunidades autónomas espanholas como a Catalunha e as Ilhas Baleares (mas também em Aragão, entre outras regiões e aldeias).

Nesse dia, as mulheres recebem uma rosa.

Uma lenda, diferentes versões, distintas localizações: pode ser na Turquia, na paisagem lunar da Capadócia, mas o mais importante, para interpretar a história, é que existia um dragão e, associado a ele, um reino que aquele atacava, devorando todos os animais, até não restar um único.

No caso da Catalunha, a história localiza-se na pequena aldeia de Montblanc, uma povoação dentro de muralhas situada a duas horas de carro de Barcelona e que todos os anos organiza o popular festival Setmana Medieval de la llegenda de Sant Jordi, uma réplica da vida na Catalunha durante a Idade Média.

Como já ninguém conseguia satisfazer o apetite insaciável da besta, os habitantes decidiram sacrificar um ser humano como sinal da sua boa vontade, até ao dia negro em que a eleita foi a filha do rei. E no momento em que a princesa encontrou os seus passos a caminho da gruta do dragão, como que gozando de uma visão, deparou-se com um cavaleiro chamado Jorge, rápido a cravar a sua lança no dragão e a matá-lo, para a salvar.

Do sangue desse monstro, já sem vida, conta-se que desabrochou uma flor, uma rosa avermelhada que o cavaleiro ofereceu à princesa.

Em Barcelona, na Catalunha, nas Ilhas Baleares, a tradição tornou-se popular, um cavalheiro continua a oferecer uma rosa a uma mulher como se de uma princesa se tratasse. Na maior parte, são rosas vermelhas (com uma pequena senyera, a bandeira catalã, e a mensagem t’estimo), de acordo com a lenda, mas outras cores enfeitam as bancas, como amarelas (simbolizam amizade), brancas (inocência), laranja (paixão e desejo) ou rosa (felicidade) — porque as rosas oferecem-se também aos amigos e à família e por essa razão são vendidas, todos os anos, mais de seis milhões no dia de Sant Jordi (80% delas importadas), a preços que variam entre os três e os doze euros (e nem os sinais de crise afectaram as vendas, se bem que mais para o final do dia esses valores descem substancialmente).

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