E dizíamos nós que o passeio podia terminar aqui, mas a poucos quilómetros do centro histórico está o Castelo de Ninfemburgo, construído no século XVII e com vastos jardins onde os habitantes da cidade gostam de se perder durante o verão. No período de Inverno o castelo fecha cedo (às 16h) e as estátuas exteriores estão cobertas com opacas caixas de madeira, para as proteger dos rigores da meteorologia, mas assim que os dias mais longos e quentes se instalam em Munique os jardins voltam à vida e são o local ideal para descansar depois de uma visita às salas sumptuosas do edifício longo e simétrico que é um dos principais atractivos da cidade.
Munique alternativa
Pode acontecer, contudo, que esteja farto de castelos, igrejas e demais edifícios históricos, e que a sua Munique seja uma mais moderna, mais cosmopolita e alternativa. A Munique de hoje, onde se vive, come, bebe e as pessoas se divertem. Esta cidade também está pronta para o receber. E ela começa mesmo ao lado da velha conhecida Marienplatz.
Porque é já ali, por trás de Igreja de São Pedro, que se estende um mercado, o Viktualienmarket, que vai querer visitar. Se é verdade que o mercado já por ali anda desde 1804, também é verdade que as lojas de legumes e fruta, peixe e carne, queijos e mel se modernizaram e são hoje um ponto de encontro de muitos moradores de Munique. Ali vai-se às compras, enchem-se sacos com produtos frescos e, se quiser, pode comê-los sem sair do local. Como em qualquer jardim da cerveja que se preze, há mesas de toalhas postas para quem quiser encomendar comida nos restaurantes da praça, mas há outras de tampo livre, onde os clientes podem simplesmente encomendar a sua cerveja e comer o que trouxerem consigo.
O Viktualienmarket é um bom sítio para um almoço longo, entre risos e conversas, antes de partir à descoberta de outras partes da cidade. E pode seguir mesmo por aí, pela Reichenbachstrasse, até ao coração dos bairros mais modernos e animados de Munique, Gärtnerplatz e Glockenbach. Por aqui não faltam as lojas alternativas, as galerias de arte, os cafés cuja oferta vai muito para além da cerveja e os bares que só abrem as portas ao cair do dia, à espera dos jovens que os vão invadir. Um curto guia da cidade, que pode recolher no Posto de Turismo da Marienplatz, diz que a Gärtnerplatz, a praça que dá nome a um dos quarteirões, “expressa a atmosfera de todo o bairro: uma coexistência colorida”. “Os solteiros têm aqui as suas casas, bem como famílias com vários filhos, os velhos encontram-se com os novos, os heterossexuais convivem com os gays e lésbicas”, lê-se. Não terá sido por acaso que Freddie Mercury, o popular vocalista dos Queen, escolheu esta parte da cidade para viver e se divertir, nos loucos anos 1980, fazendo o que ainda hoje se recorda como tendo sido festas épicas.
Se já se cansou de aproveitar o sol numa das esplanadas ou no interior de um dos cafés destes bairros coloridos, se não quer comprar um dos vestidos dos anos 1950 que espreitam numa montra ou uma peça de decoração em qualquer uma das outras lojas, está na hora de partir para outra zona da cidade. Siga em direcção ao Jardim Inglês, o maior de Munique e um dos maiores do mundo. Nos dias de sol, parece que grande parte da cidade converge para os seus relvados e no Verão não falta quem aproveite para tomar banho no rio Eisbach, que o atravessa. Mas o que é certo encontrar por ali, seja qual for o dia (e noite) do ano, é um grupo de surfistas empenhado em domar tanto quanto possível a onda artificial junto à ponte da Prinzregentenstrasse, num dos extremos do parque. Junte-se aos outros curiosos na ponte e deixe-se ficar a observar as proezas destes surfistas urbanos de uma única onda, que há mais de 35 anos tornaram Munique como a cidade onde se pratica um dos desportos mais improváveis em pleno centro urbano. Avisamos que não parece fácil — o rio é estreito, as margens parecem assustadoramente próximas, e sempre que um deles termina a cavalgada e se deixa cair na água, parece que vai bater com a cabeça em algum sítio onde não deve. Mas eles lá continuam, uns atrás dos outros, colocando-se uma e outra vez na fila de espera para voltar à onda, que só permite um surfista de cada vez. Em termos de visitas alternativas, não é fácil competir com isto…