É o caso do Manny Building, na Rua La-Noue-Bras-de-Fer, resguardado de olhares curiosos por um gigante ninho de metal, de onde se ouve vento, pássaros e música. A peça sonora Air, de Rolf Julius, é uma das 24 instalações artísticas que compõem o Estuaire, um trilho artístico que se inicia na ilha de Nantes e termina em Saint-Nazaire, já no Oceano Atlântico. Deste projecto criado em três actos — 2007, 2009 e 2012 — fazem parte o vizinho The Zebra Crossing, inspirado nas passadeiras de peões britânicas, ou Les Anneaux, constituído por 18 aros gigantes que, à noite, iluminam o Cais das Antilhas de vermelho, azul e verde.
A maioria das instalações povoa a ilha de Nantes, às quais se juntam obras criadas para o festival de Verão e que se tornaram permanentes, como uma árvore de basquetebol ou uma tenda canadiana em madeira. Outras, porém, obrigam a pegar no carro ou na bicicleta e partir à descoberta do estuário do Loire. Junto a Trentemoult, por exemplo, encontramos um gigante pêndulo pendurado numa antiga estrutura de fabrico de cimento, uma reflexão sobre a passagem do tempo, o ritmo marcado pela dança do vento no Le Pendule. Um pouco mais à frente, na margem em frente a Couëron, uma pequena mansão de telhado cinza parece mergulhar serenamente no Loire. E em Le Pellerin, um pequeno veleiro surge dobrado sobre o molhe, a meio salto para a água. Do lado de lá do Canal de la Martinière ficava em tempos uma espécie de cemitério de barcos. Mas este Misconceivable, de Erwin Wurm, tem alma e quer libertar-se do mundo dos mortos, saltar para junto das coloridas embarcações de pesca que se aninham naquele recanto do Loire à espera de novas aventuras. Podia o barco chamar-se Nantes?
Le Voyage à Nantes: um Verão de arte na rua
Este ano, o festival decorre de 1 de Julho a 28 de Agosto, com eventos e instalações um pouco por toda a cidade. O programa final só deverá ser revelado em Junho, mas já existem alguns regressos confirmados, como a comida local e simples da La Cantine du Voyage (estrutura temporária feita a partir de estufas industriais na ilha de Nantes para albergar, durante os meses de Verão, um bar-restaurante e zona de petanca e matraquilhos, espectáculos, entre outros) ou o mundo imaginário do escritor francês de livros infantis Claude Ponti no jardim botânico da cidade. A grande abertura do festival, La Nuit du Van, contará com programa musical e gastronómico, actuações em diferentes zonas da cidade e entrada gratuita nos museus municipais.
www.levoyageanantes.fr
GUIA PRÁTICO
Como ir
A Fugas viajou para Nantes com a Transavia, que este Verão voa para a cidade francesa a partir de Lisboa (seis frequências semanais), Porto (quatro ligações por semana), Faro (voos às segundas e sextas) e Funchal (segundas, quartas e sextas). Os preços base, ida ou volta, rondam os 40€.
Onde ficar
A Fugas ficou alojada no Okko Hotel (15, bis rue de Strasbourg; www.nanteschateau.okkohotels.com), localizado no centro histórico da cidade, bem no coração do distrito de Bouffay e a poucos minutos a pé do castelo dos duques da Bretanha. O hotel, de decoração moderna e acolhedora, tem 80 quartos, um pequeno ginásio e uma área comum que funciona simultaneamente como sala de estar e zona de refeições (onde o pequeno-almoço é servido em buffet, existindo um frigorífico com algumas bebidas e snacks de acesso livre a qualquer hora do dia).