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Em Málaga também pode chover

Caminito del Rey
Passadiço em madeira a 100 metros de altura

A menos de 50 quilómetros de Málaga está um dos spots mais procurados, um destino desafiante que mistura aventura e natureza e ao qual poucos conseguem resistir. Trata-se do Caminito del Rey, um trilho pedestre que tem uma história de mais de um século, mas que na conformação que rapidamente se tornou famosa tem pouco mais de um ano. Foi inaugurado em Março de 2015, e poucos meses depois era eleito pela influente Lonely Planet como um dos melhores sítios do mundo para visitar no ano passado.

O trilho está enquadrado numa área de paisagem natural protegida, tem uma distância total de 7,7 km, que se faz sem dificuldades de maior, mas conta um troço muito especial de 2,9 km. Trata-se de um passadiço de madeira que está garrado a uma parede vertical a altitudes que chegam a rondar os 100 metros. Além da altura, o que o faz tão especial e atractivo é o facto de acompanhar um estreito desfiladeiro no fundo do qual serpenteiam as águas azuis de um rio, num cenário verdadeiramente deslumbrante e desafiador.

O clímax está na parte final, com uma ponte suspensa a 105 metros de altura e a saída a uma altura idêntica, agarrada a um impressionante bloco de rocha voltado ao vale imenso. É como caminhar no céu a olhar a Terra.

O desfiladeiro dos Gaitanes, onde encaixa esse troço de 2,9km, liga duas barragens e um sistema de produção de energia resultantes de complexas e arrojadas obras levadas a cabo nos finais do século XIX. Necessitando de uma ligação que permitisse aos operários circular entre as duas barragens com materiais e para obras de manutenção, em 1901 a empresa decidiu construir um caminho precário cavando rocha e construindo passadiços ao longo do desfiladeiro.

Quando, em 1921, o rei Alfonso XIII se deslocou à região para inaugurar a nova barragem, terá percorrido pelo menos parte do trilho, que a partir de então ficou a ser conhecido como o Caminito del Rey.

Com o passar do tempo e a falta de manutenção, o percurso acabou por ruir em muitas secções, tornando-se perigoso e ameaçador. Ora, foi precisamente essa ameaça que virou desafio para amantes da aventura de todo o mundo, que a partir dos anos 1990 o converteram num dos mais procurados destinos de aventura.

Era conhecido como o percurso mais perigoso do mundo e as autoridades decidiram até destruir a parte inicial para impedir o acesso e estabelecer pesadas multas para quem se aventurasse. Ora, aquilo que pretendia ser um obstáculo acabou por funcionar como incentivo, fazendo aumentar a fama de perigosidade e o consequente desafio para os amantes da escalada.

Foram vários os acidentes mortais, até que as autoridades resolveram lançar-se num projecto de recuperação. Um investimento de cinco milhões de euros na construção de um passadiço em madeira, com resguardo integral em redes e cabos de aço.

O efeito é espectacular e aliciante e, tirando alguma sensação de vertigens em troços mais verticais, o percurso pode ser feito por qualquer pessoa sem grandes dificuldades e em perfeitas condições de segurança. Depois de uma fase inicial em que as pessoas se cruzavam, o trilho é agora feito apenas na direcção descendente, a que apresenta menor dificuldade.

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