Fugas - Viagens

  • Larko_Pafos
  • Larko_Pafos
  • Constantinos Larkos

Continuação: página 2 de 6

Paphos: Dos mitos, das lendas e da arte

Os pelicanos afastam-se, abandonam o meu campo de visão — e o porto, escutando o murmúrio do mar, está agora coberto de luzes .

A tristeza preencheu o coração de Pigmalião e, assomado por essa aventura solitária que adquiria a forma de desventura, vivendo nessa angústia, o artista começou a dar eco a súplicas que ao fim de algum tempo acabaram por comover Vénus. E esta, para quem o amor era prioritário, animou a estátua com o fogo da vida, nessa nova condição Galateia casou com Pigmalião e desse matrimónio nasceu um filho (há quem defenda, entre outras teses e interpretações para as origens da toponímia, que era uma filha) a que ambos deram o nome de Paphos.

Soa bem a história, a lenda, o mito.

E Paphos fundou a cidade.

A arte ao ar livre

Eternamente grata ao seu criador, a cidade celebra a sua criação na convicção profunda de que é, ela própria, uma peça de arte, um museu a céu aberto, neste ano tão especial uma Open Air Factory, o conceito em que se baseia e que não se limita ao espaço — a abertura visa, talvez até com maior afectação, a tolerância, a aceitação e o encorajamento e a integração de culturas, ideias e crenças. Paphos funciona, desde tempos imemoriais, como uma ponte entre o oriente e o ocidente e, nesse sentido, assume em 2017 uma parte significativa da responsabilidade de ligar continentes, de aproximar a Europa de que faz parte ao Médio Oriente do qual está tão perto, proporcionando um intercâmbio de culturas. Em simultâneo, o programa de Paphos como Capital Europeia da Cultura pretende minimizar as diferenças entre os turistas, os residentes e os imigrantes, numa tentativa de transformar todo o distrito, simbólica e fisicamente, num espaço comum e de partilha para todos os cidadãos.

Mas as boas intenções de Paphos não esquecem, nestes tempos conturbados, a realidade de uma ilha dividida desde 1974, duas comunidades em permanente tensão, a grega no sul, a turca no norte — as iniciativas, para encurtar as distâncias, serão uma realidade durante 360 dias, inseridas no tema Stages of the Future, uma refererência ao futuro mas também ao presente através de mostras de um mundo contemporâneo e dos seus avanços tecnológicos, os seus problemas, sonhos e esperanças, bem como as suas iniciativas e ideias para uma mudança, particularmente focada num futuro em comum das duas comunidades cipriotas e no desenvolvimento de um diálogo intercultural, na verdade os dois pontos-chave daquela que é uma das grandes apostas de uma das capitais europeias da cultura este ano.

Quem visitar Paphos em Janeiro, entre 28 e 29, pode desde logo experimentar um pouco do que vai ser a vida da cidade até Dezembro, com um programa que, inspirado nessa mitologia, terá como cenário o centro cultural e, como pano de fundo, os elegantes edifícios neo-clássicos, as tradicionais mansões e a câmara municipal, com eventos que incluem teatro, música, dança, espectáculos de rua e outras manifestações artísticas paralelas que terão como palco diferentes lugares do espaço urbano.

Para o primeiro dia de Julho está agendado um acontecimento que promete encher, uma vez mais, as ruas de Paphos, o denominado Summer Highlight, cuja fonte de inspiração foi encontrada na temática World Travellers e que terá lugar na zona portuária (com um cartaz que contempla frotas de barcos, fogo-de-artifício no mar, espectáculos de luz e música), porta de entrada de tantos viajantes ao longo da história da cidade.

--%>