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Paphos: Dos mitos, das lendas e da arte

Perscrutando as luzes dançando nas águas e recebendo a brisa e a fragrância vinda do mar, o meu imaginário sente-se seduzido pela história deste porto estratégico, tomado pelos Ptolomaicos no início do século IV a. C., pouco depois da conquista do Egipto. Nikokles era, por essa altura, o rei de Paphos e a sua ascensão ao trono traduziu-se num desenvolvimento significativo do reino, especialmente quando o soberano decidiu abandonar Palai Paphos e instalar-se na actual Kato Paphos, cuja fundação remonta ao ano 320 a. C. — a cidade antiga perdeu importância, enquanto Kato Paphos, decididamente virada para o mar e com vocação para o comércio marítimo, revelava todo um potencial que não tardaria a ser aproveitado. Era o início de uma nova era para Paphos, que rapidamente se tornou no centro cultural, financeiro e administrativo da ilha, provando que a decisão de Nikokles estava correcta — e a cidade, mais tarde mandada fortificar pelo rei (as ruínas ainda hoje se podem ver), permaneceu como capital durante cerca de 400 anos e assim se manteve quando se submeteu ao jugo dos romanos.

Volto a lembrar-me do treinador subindo nos céus.

Paphos foi violentamente atingida por um terramoto 15 anos antes do nascimento de Cristo — a cidade ficou reduzida a ruínas. E outros se seguiram ao longo da sua história, o último dos quais em meados do século passado, destruindo uma cidade que também não foi poupada, anos antes, em 1878, pelos otomanos, que a abandonaram entregue à sua fome e miséria, com alguns minaretes decorando antigas igrejas. 

Programa ambicioso

Ao longo do ano, a organização tem previstos mais de 300 eventos e projectos, não apenas em Paphos bem como em toda a região e mesmo noutras cidades do país. A música ocupará, entre Janeiro e Dezembro, um espaço importante entre as celebrações graças ao The Travelling Stage, com concertos de artistas de múltiplas nacionalidades naquela que constituirá também uma viagem musical e cultural pelas comunidades e lugares mais representativos da região. Ao mesmo tempo, em Abril, será organizado o Mediterranean Musical Traditions, explorando as tradições musicais do oriente do Mediterrâneo e dos países vizinhos e acompanhado de um simpósio que juntará artistas, produtores e académicos em workshops com a participação de estudantes, assim como concertos em distintos palcos de Paphos. Logo em Maio, a cidade acolhe outro evento que certamente irá atrair muitos olhares e atenções, o One Touch of Venus & Others, um espectáculo inspirado no famoso musical de Ogden Nash, One Touch of Venus, e outras composições de Kurt Weill e Berthold Brecht que serão interpretadas, na praça do castelo de Paphos, pela conceituada cantora alemã Ute Lemper e pela Orquestra Sinfónica de Chipre.

Tendo como palco a mesma praça, Junho receberá o Festival de Dança Contemporânea, com performances das mais destacadas companhias de dança europeias e, ainda antes, em Março, Paphos acolhe o Mind Your Step, um projecto com a colaboração do Centro Municipal de Dança de Limassol mas que engloba parcerias com outros países, como a Itália e a Irlanda, e que representa muito mais do que a dança — será também a ocasião para estabelecer ligações entre os espaços urbanos e a dança moderna através de simpósios que irão reunir artistas e especialistas em desenvolvimento urbano, decorrendo, em simultâneo, outras acções em que a dança assumirá um papel principal, criando uma narrativa coreográfica da cidade.

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