Fugas - Viagens

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Diz-me, espelho meu, há aldeia mais bela do que eu?

Hallstatt é turística mas é difícil, mesmo que seja envolvido por um verdadeiro formigueiro humano, não gostar dela, não se deixar cativar pelo seu charme, pela sua história, por uma uniformidade que se revela, desde logo, nas suas flores, todas vermelhas, como se os seus habitantes, num tempo anterior à Primavera, se reunissem para determinar as tonalidades das plantas que nos parecem contemplar das janelas. Mas, mesmo sem flores, coberta de neve, com as suas cores outonais, envolta na sua neblina matinal que aos poucos se vai dissipando, seja em que altura for, Hallstatt nunca deixa de se revelar sedutora.

- Hallstatt é extremamente popular em qualquer estação do ano. Mas talvez um pouco mais no Verão devido à sua proximidade do lago, proporcionando panorâmicas fantásticas. Nessa época, o sol brilha durante muitos dias, a temperatura ronda por vezes os 30 graus e as pessoas sentem-se atraídas pela beleza do cenário e perante a possibilidade de fazerem uma caminhada nas margens do lago com as suas águas cintilantes ou na região de Dachstein Salzkammergut. No Inverno, a vila proporciona uma atmosfera festiva e regista também uma grande afluência de visitantes que desejam provar algumas das suas delícias tradicionais e participar em eventos. Hallstatt será, talvez, mais calma durante o Inverno mas o número de turistas é habitualmente estável ao longo do ano.

Era uma dúvida que carregava há já algum tempo e que me voltou a assaltar no momento em que Cecilia Greaves, do turismo da região, designou Hallstatt como vila.

- É conhecida como vila e como aldeia. Mas devido à sua dimensão talvez seja preferível, oficialmente, chamar-lhe aldeia.

Hallstatt contabiliza 750 habitantes e recebe cerca de meio milhão de turistas por ano, aparentemente um número assustador e capaz de mexer com a serenidade desejada por aqueles que vivem na pequena localidade austríaca.

- Todos os anos se regista um acréscimo de turistas. Mas a população local, trabalhando de forma concertada para proporcionar um bom serviço, lida bem com a situação e desenvolve todos os esforços para que as pessoas tenham um acolhimento caloroso, admite ainda Cecilia Greaves.

Olho a fachada da igreja católica, leio sobre a sua existência, respiro o ar puro: construída em finais do século XII, destaca-se pelo seu campanário, pelo seu retábulo da escola de Michael Pacher (pintor e escultor austríaco), pelos seus detalhes do Gótico tardio (o interior contempla uma dupla nave e presbitério, bem como abóbadas em forma de estrela), mas aquela que agora se planta à minha frente é o resultado de um trabalho concluído em 1505, muito antes de se transformar no centro de lutas religiosas e de se tornar, ainda que por um curto período de tempo, num templo protestante. Totalmente renovada em 2002, permanece como a jóia que está sempre presente no coração dos residentes, da mesma forma que sempre esteve no coração dos mineiros — no interior da igreja pode ver, mesmo no centro do retábulo, uma imagem da Virgem descansando ao lado de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros.

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