Bussaco Branco 1967
Provar os vinhos velhos do Bussaco, blends de vinhos do Dão e da Bairrada, é aceder a um dos tesouros mais bem guardados do Portugal vinícola. Os tintos são magníficos, mas os brancos impressionam mais. Numa prova em que se provaram garrafas das colheitas de 1955,1956,1967, 1978 e 1985, é difícil escolher a melhor. O 1978 estava extraordinário: grande acidez, toque salgado delicioso, corpo enxuto e austero, notas meladas graciosas. O 1956 também, com notas de cola no aroma que indiciam uma acidez volátil alta, excelente corpo, final ainda cheio de nervo. Mas o que mais perdura na nossa memória é o 1967, um branco da mesma estirpe dos Sercial da Madeira: seco, áspero, vertical e supinamente fresco, exibindo uma acidez quase cortante.
Barca Velha 2000 Magnum
Tinha bebido este vinho no dia do seu lançamento, há cerca de oito anos, nas caves da A.A.Ferreira, em Gaia, e já na altura ficara bem impressionado, apesar da sua juventude de então. Voltei a ele mais recentemente, agora em versão magnum, comprada num leilão, e na companhia, entre outras pessoas, de Luís Sottomayor, o enólogo que na Sogrape tem sob a sua alçada os vinhos do Douro, incluindo o próprio Barca Velha. O vinho confirmou a sua aura. O tempo tem-lhe feito muito bem. Está refinadíssimo, com os aromas de envelhecimento em garrafa, de natureza mais química, cada vez mais presentes, embora ainda predominem as notas de tabaco e de especiarias desenvolvidas no contacto com a barrica. Na boca revela grande complexidade e finesse, proporcionando uma prova deliciosa, com um final fresco e longo. Um Barca Velha é sempre um Barca Velha. A garrafeiranacional.com tem este vinho á venda por 590€.
Quinta do Noval Colheita 1964
Não foi nenhum milagre de Fátima, mas na celebração dos 20 anos de Christian Seely à frente da Quinta do Noval, no passado dia 13 de Outubro, houve direito a provar o melhor da casa, incluindo o lendário Noval Nacional Vintage 1963. No meu caso, foi a terceira garrafa, todas extraordinárias. Sobre este vinho já se disse quase tudo. Não é apenas o seu preço que o torna num objecto de desejo. O vinho é mesmo muito bom. Mas o Noval que levaria para a tal ilha deserta não seria um vintage. Seria o Colheita 1964, um tawny que, de tão picante, tão avivado pela acidez volátil, tão rico de sabor, parece explodir na boca. E custa cerca de vinte vezes menos. Custa 190€ na Garrafeira Tio Pepe, no Porto
Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada Magnum 1975
As Caves São João, na Bairrada, possuem certamente o melhor stock de vinhos tranquilos do país. Alguns, sobretudo os mais antigos, são do melhor que se faz por cá. É o caso do Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada Magnum 1975 (Dão). Lote de Baga, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz, possui apenas 12,8 de álcool. Delicado, complexo e fresquíssimo, é um tinto capaz de surpreender mesmo quem tenha a bitola nivelada pelos grandes vinhos de Bordéus e da Borgonha. Dado a provar na festa de encerramento da vindima do aclamado enólogo espanhol Raul Pérez, no meio de dezenas de grandes vinhos do mundo, deixou muita gente de boca aberta. Custa 70€.