Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
  • Quinta Vinha Paz
    Quinta Vinha Paz Adriano Miranda
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  • O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos
    O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
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  • Quinta da Turquide
    Quinta da Turquide Adriano Miranda
  • Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela
    Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela Adriano Miranda
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Quintas do Dão abrem as portas e revelam as suas histórias

A Quinta de Lemos é um caso à parte no Dão. Todos nos dizem isso, mas não seria preciso: torna-se evidente quando lá chegamos. Aqui não há uma antiga casa de família recuperada. Há, quando passamos o portão, uma adega moderna, ao lado de uma vinha alinhada na perfeição, sem uma única folha fora do sítio. E de repente, ao fundo, surge a casa, uma espécie de cintura de betão que abraça uma enorme pedra e a integra na própria construção.

O projecto, do arquitecto Carvalho Araújo, inclui um restaurante, o Mesa de Lemos, três enormes quartos, uma piscina e ainda um espaço de show room, onde se podem ver os têxteis (toalhas, lençóis, mantas, etc.) produzidos pelas empresas Abyss e Habidecor, do proprietário da quinta, Celso Lemos. Não se trata de um turismo rural, os quartos não são para alugar (apesar dos muitos pedidos que a quinta recebe de potenciais clientes convencidos do contrário), mas sim para receber os clientes da empresa, vindos de todo o mundo, a quem Celso Lemos quer mostrar Portugal e, sobretudo, a região onde nasceu e onde mantém a sua produção (duas fábricas de têxteis, uma em Viseu, outra em Tondela).

Quem nos recebe é Pierre Lemos, o filho de Celso que nasceu na Bélgica, para onde o pai foi há muitas décadas, mas que há um ano decidiu mudar-se para Portugal com a mulher e os três filhos. É Pierre quem agora supervisiona aqui os negócios da família, que continuam a ter os têxteis em primeiro lugar, mas que abriram espaço para a mais recente paixão dos Lemos: o vinho.

Para quem quiser conhecer a Quinta de Lemos, a melhor opção é ir experimentar a cozinha do chef Diogo Rocha no restaurante (aberto às sextas e sábados apenas para jantares) que se abre para a vista magnífica da vinha, com o pinhal ao fundo e a pedra a despontar onde menos se espera (dentro da própria sala do restaurante, por exemplo).

Pierre descreve o pai como um “visionário”, mas, acima de tudo, um homem que quer “partilhar”. E a Quinta de Lemos existe para partilhar: o vinho, a terra, a paisagem, Portugal. Durante o jantar — uma delicada salada de polvo, um arroz de lingueirão com coentros, um bacalhau com favada e legumes da quinta e um bolo de queijo da Serra — Pierre falou da filosofia que rege todos os negócios de família: “O mais importante é o humano, conhecer gente e partilhar a nossa terra, com toda a humildade.” E também dos princípios de trabalho que Celso sempre defendeu: “Ainda hoje o nosso é um trabalho de formiga, fazemos as malas e vamos pelo mundo fora a bater às portas.”

Para fazer o vinho, convidaram o enólogo Hugo Chaves, com quem falamos de manhã cedo, na adega, e que explica que aqui existem 25 hectares de vinha (60% Touriga Nacional), toda reestruturada a partir do ano 2000. “Antes disso, andámos pelo mundo, de Napa Valley a Bordéus, para percebermos qual a melhor forma de trabalhar.”

O resultado é esta vinha perfeita que aqui vemos, em que os espaços entre as linhas de videiras são mais pequenos. “A proximidade entre as plantas promove a maior competição entre elas e isso dá-lhes maior qualidade.” Poder colhê-las mais precocemente, e sobretudo antes das chuvas, garante uvas melhores para os vinhos que têm, todos eles nomes das matriarcas da família: Dona Santana, Dona Georgina, Dona Louise, e agora, para o único branco da casa, Dona Paulette, em homenagem à mãe de Pierre. 

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