Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
  • Quinta Vinha Paz
    Quinta Vinha Paz Adriano Miranda
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  • O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos
    O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
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  • Quinta da Turquide
    Quinta da Turquide Adriano Miranda
  • Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela
    Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela Adriano Miranda
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Quintas do Dão abrem as portas e revelam as suas histórias

Por Alexandra Prado Coelho

É altura de se começar a olhar para o Dão como uma região vinhateira com potencial também para o enoturismo, acredita a Câmara de Viseu. A propósito da primeira Festa das Vindimas do Dão, fomos passear por quintas da região — e ajudar a vindimar, claro.

É tempo de vindimas por todo o país e também no Dão. Mas a novidade aqui é que, como já acontece noutras regiões produtoras de vinho, este fim-de-semana seis quintas abrem as portas aos visitantes, convidando-os a participar na vindima e a provar os seus vinhos.

Viseu & Vinho Dão Festa é uma iniciativa da Câmara Municipal de Viseu que aposta em desenvolver a imagem de região vinhateira numa zona que já foi a maior produtora do país e que nas últimas décadas se viu ultrapassada, em fama (e proveito) pelo Alentejo e pelo Douro. Mas vale a pena redescobrir Viseu e o Dão.

Vamos então começar pelas quintas. Não são dias fáceis. A vindima está para começar e os produtores não param de consultar nos seus telemóveis as previsões metereológicas. O trabalho de um ano decide-se aqui — não se pode começar a vindima cedo de mais, nem tarde de mais.

Ao telefone, trocam informações. “Eu comecei ontem, mas interrompi por causa da chuva”, diz um. “Aqui não tem chovido”, afirma outro, enquanto tira mais uma uva da vinha e a prova para avaliar como está. Lavam-se lagares, preparam-se cubas, verificam-se as máquinas. “Vou começar amanhã”, decide um deles. E no meio de tudo isto, ainda é preciso arranjar tempo para receber os repórteres da Fugas.

Quinta Vale do Dão/Pedra Cancela
O vereador-enólogo

João Paulo Gouveia é personagem incontornável para quem quer perceber as mudanças que aconteceram no Dão nas últimas décadas. O “vereador-enólogo”, como é conhecido, actualmente acumula as funções de vereador da Câmara de Viseu para o desenvolvimento rural com o trabalho como produtor do seu vinho Pedra Cancela, e consultor de vários outros produtores da região. No dia em que chegamos, convida-nos para almoçar no Martelo, restaurante e adega típica, em Falorca de Silgueiros, onde somos recebidos pelo proprietário, António Martelo.

O tecto está cheio de papelinhos já amarelecidos, escritos deixados ao longo dos anos pelos muitos clientes, e nas paredes estão, emoldurados, artigos (entre os quais uma crónica de Fernando Assis Pacheco) que elogiam esta casa famosa. João Paulo Gouveia e António Martelo lançam-se imediatamente a contar histórias antigas, de quando o chão da casa, então ainda chamada Curral da Burra, era de terra batida, e o vinho produzido por António estava aí enterrado para se manter fresco.

A fama — inteiramente merecida — vem do bacalhau e do cabrito assados nas brasas, no exterior, servidos com batata também assada. Tudo isto vamos provar, com a companhia dos vinhos Pedra Cancela, enquanto ouvimos, num resumo necessariamente breve, a história do vinho no Dão.

“Esta é a primeira região demarcada de vinhos de mesa em Portugal”, lembra o vereador-enólogo. “Na década de 1960 não havia neste país outros vinhos que não os do Dão. Era uma região exportadora, sobretudo para as colónias. O problema é que houve uma avalancha de quantidade, ao mesmo tempo que surgiu a rede das adegas cooperativas, que chegaram a ser dez.” Muito vinho, portanto, mas a qualidade a cair (e ainda há-de chegar aqui, embora mais tarde do que noutros locais, a filoxera, que vai destruir grande parte das vinhas) — e, ao mesmo tempo, regiões como o Alentejo e o Douro a imporem-se por todo o país como referências incontornáveis.

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