Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
  • Quinta Vinha Paz
    Quinta Vinha Paz Adriano Miranda
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  • Quinta Vinha Paz
    Quinta Vinha Paz Adriano Miranda
  • Quinta Vinha Paz
    Quinta Vinha Paz Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
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  • O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos
    O cenário desde o restaurante da Quinta de Lemos Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
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  • Quinta da Turquide
    Quinta da Turquide Adriano Miranda
  • Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela
    Enólogo João Paulo Gouveia na sua quinta, onde produz o vinho Pedro Cancela Adriano Miranda
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Quintas do Dão abrem as portas e revelam as suas histórias

E na quinta — onde agora nos espera pão torrado com queijo derretido e tomate e outros petiscos para provarmos com os vinhos Quinta da Paz — pai e filho podem explicar melhor a quem os visita o que torna este vinho diferente. António fala na importância da pisa a pé. “São 40 mil quilos de uva pisados a pé. Foi sempre assim que fiz vinho e que vi fazer. Para mim, mais do que o terroir, é a pisa a pé que é a característica do vinho do Dão. A acção do pé sobre a pedra antiga é a melhor.”

“A pisa a pé dá-lhes mais frescura, não é uma maceração tão pesada”, concorda Henrique. “E eu pessoalmente prefiro vinhos mais frescos, acho que nós aqui no Dão não devemos ir atrás da concentração.” O trabalho que fazem nesta quinta, cujo nome é uma homenagem à avó de Henrique, Maria da Paz Othon, tem o apoio de três enólogos, João Paulo Gouveia, Carlos Silva e Miguel Oliveira, mas os dois proprietários sabem bem o perfil de vinhos que procuram. “O Vinha Paz tem que ter personalidade, não ir atrás dos outros. Quem gosta muito dos vinhos alentejanos tem mais dificuldade com os do Dão, eu ia para muitas provas e tinha que explicar às pessoas por que é que os vinhos aqui são diferentes.”

Faltou-nos apenas conhecer a tia de Henrique, Luísa Canto Moniz, professora reformada que continua a subir a um tractor para andar pelos seus três hectares de vinha biológica. Mas terá que ficar para a próxima visita — agora que sabemos que a Quinta da Paz tem as portas abertas e planos para vir a oferecer também alojamento — porque ainda nos falta conhecer mais uma quinta e já vamos atrasados.

Quinta Vinha de Reis
O produtor apaixonado pelos brancos

Jorge Reis aproxima-se, de chapéu na cabeça, sorridente, saído da porta da cozinha da sua casa — uma bela casa senhorial, construída nos anos 20 do século passado, que pertenceu aos seus tios, mas que Jorge comprou no início dos anos 2000, e recuperou, começando pela adega e pela vinha, “que estava em completo abandono”. “Havia já pinheiros no meio das videiras”, recorda.

Só fez o seu primeiro vinho em 2002/3, e “o primeiro a sério” em 2004. Mas se lhe pedirmos para contar a história da sua ligação ao vinho, temos que recuar até à infância. “Lembro-me muito bem de se fazer vinho em minha casa”, diz. Só que aos 14, 15 anos, foi estudar para Coimbra, tornou-se médico, deixou de “andar por aqui” — estamos a falar da aldeia de Oliveira de Barreiros, perto de Viseu — e durante 40 anos esteve afastado do vinho. Mas não o esqueceu. E quando teve oportunidade fez o curso de viticultura e enologia e voltou para a antiga casa dos tios, com um objectivo: “Fazer o melhor Dão possível.”

No início, confessa, quando pensava em vinho era sempre tinto. Só em 2007 é que a ideia lhe atravessou a cabeça: e se fizesse um branco? “Aí encontrei a minha verdadeira vocação.” Nem compreende por que é que se valorizam tanto os tintos, quando “o branco tem muito maior complexidade de fabrico” e devia, por isso, ser muito mais caro do que é. Está decidido a não fazer cedências quanto a isso. “O meu Reserva branco já é mais caro do que a gama mais baixa do tinto.” Além disso, descobriu outra coisa que o entusiasma: “Os brancos do Dão melhoram com o tempo.”

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