Já não é responsável por esse seguimento?
Agora só controlo os vinhos das Caves Numanthia, porque é necessário viajar muito por causa da comunicação. Como é uma adega pequena, são vinhos que têm de se apresentar quase com a garrafa na mão. É preciso andar muito por fora.
Acompanha os vinhos portugueses?
Não muito. Mas quando vou a Portugal só bebo vinhos portugueses.
O que acha?
Acho que os vinhos têm tido uma evolução muito grande. Com uma visão muito mais internacional, penso que ainda podemos avançar um bocadinho mais. É importante entender o segmento de preço onde queremos colocar os nossos vinhos e a partir daí ter uma visão profissional para abastecer esses segmentos de preços. Temos regiões com condições fantásticas, só precisamos de ter uma visão mais profissional do negócio.
Como é que o mundo vê os vinhos portugueses?
Salvo algumas excepções, são vistos como vinhos acessíveis, com uma relação qualidade/preço razoável.
O caminho não terá que passar pela alta qualidade, pelas pequenas produções, por vinhos diferenciados?
Eu acho que sim. Não temos que ter receio de ser diferenciados. Nos segmentos dos 8, 9 dólares, as modas passam depressa. A moda já foi o Chile, depois a Austrália, a Argentina, amanhã vai ser outro país. Os vinhos que estão no segmento mais alto nunca passam de moda.
De que gosta?
De vinho. De todo o mundo. Tive a sorte de ter sido exposto a vinhos de todo o mundo. O Sémillon da Austrália com 9% de álcool dos anos 70 é uma maravilha. Sou um fanático de Champanhe, gosto muito do Sauvignon Blanc de Pouilly-Fumé, de um branco aqui de Espanha, o Godelho [o Gouveio do Douro]. Gosto de tintos italianos, franceses, espanhóis..
Não gosta de vinhos portugueses?
Claro que sim. Adoro Porto Vintage. É um vinho que me emociona. Sempre gostei de vinho do Porto e uma das coisas que começamos a fazer na Rozés foi não apresentar só o vinho do Porto como aperitivo ou para o fim da refeição. Um Tawny 20 anos com foie gras grillé, por exemplo, é uma combinação incrível. Desenvolver formas de consumo diferentes tem que ser um objectivo, porque senão vamos ficar presos a um momento de consumo muito limitado.
Em Portugal é pouco conhecido. Sente falta de reconhecimento?
O mais importante é seres reconhecido onde trabalhas. Gostava de ser um bocadinho mais conhecido em Portugal apenas para poder servir de inspiração aos jovens enólogos portugueses.
Vai querer voltar a Portugal para fazer vinho?
Isso é algo que está no meu sangue. A minha intenção foi sempre voltar a Portugal. Não sei é quando.
Em que região gostava de fazer vinho?
Há regiões que sempre me interessaram. A Bairrada, pela Baga, o Dão, para trabalhar a Touriga Nacional, o Douro, que é um lugar incrível para fazer vinho. Em Portugal há várias regiões onde é possível fazer vinhos fantásticos.
Bodegas Numanthia
Um nome que é uma metáfora de Toro
Lenda ou não, a cidade espanhola de Numância tornou-se famosa pela forma estoica como resistiu a um prolongado cerco romano no ano 133 A.C. Quando perceberem que não podiam sair vitoriosos, os seus habitantes preferiram suicidar-se a capitular e ficar a servir Roma como escravos.