2. Regiões
O mapa do vinho português estende-se a todo o território continental e aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. São 14 as regiões demarcadas: Douro, Trás-os-Montes, Vinhos Verdes (situadas no norte do país), Távora-Varosa, Dão, Beira Interior, Bairrada (no centro), Lisboa, Tejo, Península de Setúbal, Alentejo, Algarve (no sul), Madeira e Açores (ilhas). Pela história, notoriedade, vendas e qualidade dos vinhos, as mais importantes são o Douro, Alentejo, Vinhos Verdes, Bairrada, Dão e Madeira. Para vinhos espumantes, as melhores são a Bairrada e Távora-Varosa. Algumas das regiões demarcadas incluem sub-regiões com história e vida próprias. Por exemplo, no caso de Lisboa, a mesma comissão vitivinícola gere as denominações de origem controlada de Colares, Bucelas e Carcavelos. Situadas em redor de Lisboa, são três pequeníssimas regiões que produzem vinhos singulares e emocionantes. Em Colares (Sintra), dos poucos hectares de vinhas existentes mesmo junto ao mar saem vinhos brancos e tintos secos, salinos e de grande acidez. Os brancos são feitos à base da casta Malvasia e os tintos da variedade Ramisco. Em Bucelas, a casta Arinto dá origem a alguns dos melhores vinhos brancos de Portugal. E em Carcavelos a tradição é de vinhos fortificados, tipo Porto e Madeira.
3. Produção
Os portugueses já foram os maiores consumidores de vinho do mundo. Hoje ocupam o terceiro lugar. A tradição vinícola é muito forte no país. Sabia que Portugal, apesar da sua reduzida dimensão, é o sétimo país do mundo com maior área de vinha? Tem cerca de 224 mil hectares. No entanto, vamos ver os dados de produção e o país já só aparece no 11º lugar, com uma produtividade média de cerca de cinco toneladas por hectare (ver texto na página 4). Falta de competitividade? Não, é mais uma questão de solo e clima. Não chove muito e os solos são muito pobres. É por essa razão que produzimos pouco vinho mas bom (grandes produções por hectare nunca foram amigas da qualidade). A vinha gosta de calor e precisa de sofrer, para obrigar as raízes a irem mais fundo na busca de nutrientes. Por outro lado, as exigências do solo e do clima obrigam também as videiras a auto-regular a sua produção; e essa auto-regulação é ainda maior nas vinhas velhas, que existem em bom número em Portugal.
4. Castas
Em Portugal existem plantadas cerca de 300 variedades de uvas para vinho. Cerca de 250 são exclusivas do país. Uma tão grande riqueza e diversidade só se encontram em Itália, Grécia e Espanha. Mas, se ponderarmos estes valores com o tamanho de cada um dos países, Portugal talvez detenha a maior diversidade de castas do mundo. Graças ao exemplar trabalho que tem sido feito na preservação e resgate de todas estas espécies, o país dispõe de um património único para enfrentar o futuro e ser cada vez mais relevante no panorama mundial dos vinhos. Enquanto países como a França optaram por um caminho unidirecional, preocupando-se mais em desenvolver videiras isentas de vírus, Portugal apostou na replicação natural de diferentes clones da mesma videira (plantação e replicação em campos experimentais, nada de manipulação genética), alargando dessa forma ainda mais a diversidade já existente. Hoje, já existem centenas de clones das nossas melhores castas, o que permite aumentar a complexidade dos vinhos de lote e fazer vinhos diferentes usando apenas a mesma variedade de uvas.