5. Touriga Nacional e Alvarinho
Para poder falar de vinho português não é necessário conhecer todas as castas. Basta fixar as melhores castas e associá-las às suas regiões naturais. Nas castas tintas, a mais famosa é a Touriga Nacional. Origina vinhos de aroma intenso (frutos silvestres e violeta) e sabor muito fresco e pronunciado. Casta bandeira do país, está hoje disseminada um pouco por todo o território nacional e até já começou a ser plantada noutros países. Mas o seu terroir natural, onde ficou conhecida e continua a atingir os melhores resultados, é nas regiões do Douro e do Dão, de onde será originária. Do seu cruzamento com a variedade Mourisco nasceu a Touriga Franca, a casta mais plantada e amada pelos viticultores do Douro. Na Bairrada, a variedade rainha é a Baga. Já no Alentejo, as melhores castas são o Alicante Bouschet, a Trincadeira e a Aragonez (que no Douro e no Dão leva o nome de Tinta Roriz).
Nas castas brancas, a variedade que mais se tem notabilizado dentro e fora de portas é a Alvarinho, de aroma muito cítrico e acidez elevada. Atinge a excelência nos concelhos de Monção e Melgaço, na região dos Vinhos Verdes (que coincide com a região do Minho, no noroeste do país). A sua origem é associada ao Minho e à Galiza, onde dá pelo nome de Albariño.
Já agora: não há vinhos verdes. Os vinhos da região dos Vinhos Verdes são igualmente tranquilos e maduros como os vinhos do Douro ou do Alentejo, por exemplo. Ganharam esse nome por serem mais ácidos e possuírem menos álcool. Por isso nunca pergunte: “É verde ou maduro?”.
Outras excelentes castas brancas são a Encruzado (Dão), Bical, Maria Gomes e Cercial (Bairrada), Rabigato, Viosinho e Gouveio (Douro), Loureiro e Avesso (Vinhos Verdes) e Arinto (Bucelas, Douro e Vinhos Verdes).
6. Taninos
Será que precisa de saber o que são taninos para poder falar de vinho português? Ajuda. Taninos são compostos naturais existentes na pele das uvas, nas grainhas e no engaço (a parte verde do cacho). Os taninos do vinho também podem vir das barricas de carvalho onde estagiam. Em regra, quanto mais grossa for a casca da uva maior é a quantidade de taninos. Em contacto com a saliva, os taninos provocam uma sensação de adstringência, tipo lixa, que varia de intensidade de acordo com o nível de maturação das uvas e o tipo de barrica utilizado. Juntamente com a acidez e o álcool, os taninos são um dos pilares do vinho tinto (nos brancos, os taninos são muito reduzidos). Se apanharmos as uvas verdes, os taninos são amargos e verdes. É isso que explica que alguns vinhos tintos da casta Vinhão, dos Vinhos Verdes, sejam tão difíceis de beber. Como a casta amadurece mal, os taninos são verdes e duros. Outra casta muito tânica é a Baga, da Bairrada. Os seus vinhos precisam de alguns anos de garrafa para amaciarem, ficarem mais equilibrados e mostrarem todo o seu potencial. Por terem muitos taninos e grande acidez, são dos vinhos que mais duram. Os taninos também nos ajudam a perceber por que razão os vinhos alentejanos e do Douro, por exemplo, são em regra mais fáceis de beber do que os vinhos da Bairrada. Podem até ser mais concentrados e musculados, mas, como as uvas amadurecem melhor, os taninos são mais macios e doces, não causando tanto desconforto na prova.