7. Estilos de vinhos
Os vinhos reflectem a sua origem. Os vinhos da região dos Vinhos Verdes, por exemplo, são muito influenciados pela proximidade do oceano Atlântico. Como chove bastante naquela zona do país, as uvas têm mais dificuldade em amadurecer, o que explica a sua elevada acidez e baixo teor alcoólico. Pelo contrário, no Douro, onde chove pouco e o Verão é muito quente, os vinhos são mais maduros, envolventes e concentrados. E também mais complexos, devido à diferença de altitudes e exposições existente (é a região com mais montanhas e vales apertados). Os vinhos do Dão são muitos frescos e delicados porque beneficiam do factor altitude e da influência das serras da Estrela e Caramulo. Os vinhos da Bairrada e de Lisboa também se distinguem pela sua frescura e elevada acidez dada a proximidade das duas regiões ao mar. Já os vinhos alentejanos, sobretudo os do interior, são muito influenciados pela orografia plana da região e pelo clima quente e seco, razão pela qual são mais maduros, macios e sápidos em novos.
8. Ilhas
Quando falarmos de vinho português nunca podemos esquecer os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Nos Açores, em especial nas ilhas do Pico e Terceira, sobrevivem algumas das mais extraordinárias paisagens vitícolas de Portugal e do mundo. As vinhas de lava da ilha do Pico, por exemplo, estão classificadas como Património da Humanidade. O seu vinho, feito à base da casta Verdelho, já foi muito famoso em algumas cortes da Europa. Na Ilha Terceira, nas chamadas vinhas dos Biscoitos, a mesma casta origina vinhos com uma mineralidade e uma salinidade admiráveis. São vinhos de produção exígua mas que têm por trás uma viticultura heroica, uma vez que as videiras crescem num clima muito adverso e em terra de lava, como acontece na ilha da Madeira. Aqui, a orografia montanhosa torna a cultura da vinha ainda mais improvável. No entanto, é das suas encostas escarpadas e fajãs (pequenas línguas de terra situadas junto ao mar) que sai um dos grandes vinhos portugueses, o vinho Madeira.
9. Madeira e Moscatel
Embora sem a espessura histórica e a dimensão do vinho do Porto, o Moscatel e o Madeira são os outros dois grandes vinhos licorosos de Portugal. O Moscatel mais famoso é o de Setúbal, sobretudo o de Moscatel Roxo, mas também se produz bom Moscatel no Douro, na sub-região de Favaios. Ao contrário do Moscatel, que é mais conhecido e consumido em Portugal, o vinho Madeira é sobretudo conhecido e apreciado em países como a Inglaterra e os Estados Unidos. Uma pena, porque só os grandes vinhos do Porto conseguem rivalizar com os melhores Madeira. Os Madeira são fortificados com álcool vínico a 96% de volume e o que os distingue é a sua fantástica acidez natural e o facto de começarem por envelhecer nos pisos mais elevados e quentes das adegas. É sua soberba acidez e o facto de serem oxidados prematuramente que explica a longevidade dos vinhos Madeira, sem igual no mundo. Das castas autorizadas para o vinho Madeira, as melhores são a Sercial (dá vinhos muito secos e ácidos), Verdelho (meio secos), Boal (meio doces), Terrantez (meio secos e meios doces) e Malvasia (doces). Os bons Madeira têm sempre mais do que cinco anos de idade.