Fugas - Vinhos

  • Alma Valley, Crimeia
    Alma Valley, Crimeia

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Uma volta pelo novo mundo do vinho

É um vinho gordo, com um teor de álcool razoável (14%) e uma expressão de fruta quase violenta – à primeira vista parece até um sumo fresco de maracujá. Bebe-se bem, tem atributos, mas promete ser cansativo, dada a sua concentração. Já o Sauvidal de 2014 é bem mais balanceado, mas não deixa de ser acima de tudo uma bomba aromática na qual transparecem notas de ananás. Na boca, o seu grau de doçura impressiona. Não é propriamente um primor de vinho para a refeição, mas não lhe faltam adeptos.

México

Finalmente, a viagem por estes novos actores do mundo do vinho acaba no México – a viagem poderia prolongar-se pelo Sul, passando pelo Brasil e descendo até o Uruguai onde, apesar de tudo, a vinha e o vinho são culturas bem mais enraizadas. No México, as primeiras experiências com a videira remontam a 1704, mas só depois de 1880 é que a cultura começa a merecer atenção dos poderes públicos. Sem grande continuidade, porém, já que o México só muito recentemente começou a seguir os passos firmes e bem-sucedidos dos vizinhos americanos mais a Norte.

Dos 4700 hectares de vinhas existentes no país, cerca de 80% situam-se na Baja Califórnia, principalmente ao longo da faixa costeira que se prolonga ao longo de 300 quilómetros da fronteira com os Estados Unidos para sul. 

Ali, empresas como a Casa Malgoni começaram a produzir para abastecer o mercado interno e dedicam-se agora a intensificar as exportações. Camilo Magioni é o cérebro da operação. No vale de Guadalupe, onde a empresa tem a sua base, as plantações começaram há 20 anos e ainda não há conclusões definitivas sobre o que produzir. Nos seus campos experimentais, Camilo tem em crescimento dezenas de castas de todo o mundo. Não faltam lá as portuguesas Fernão Pires, Verdelho, Touriga Nacional, Periquita e Tinta Amarela. Em breve, promete Camilo, haverá conclusões sobre o potencial de cada uma.

Até lá, a Casa Magione apresenta uma série de vinhos tintos com um bom balanço e profundidade feitos a partir de castas internacionais (da Malbec à Petite Syrah, da Merlot à Nebbiolo). São vinhos no geral simples, bem feitos, com estrutura e fruta madura, que se provam com prazer. Mas o topo de gama do México é o Cavall 7, feito pelo enólogo francês Stéphane Derenoncourt. É um Cabernet Sauvignon magnífico, intenso, com notas dominantes de especiaria, chocolate e fruta madura acentuadas pela madeira. A edição de 2014 ainda está na sua infância, com a presença da barrica ainda muito ostensiva, mas com mais um par de anos de garrafa este vinho tornar-se-á ainda maior.

O problema, bom, há sempre um problema, é o preço. Cada garrafa deste vinho custa acima dos 200 euros. Dificilmente um vinho mexicano poderá captar a atenção internacional com estes valores. Mas, nestas coisas do vinho, como nas da moda, tudo é possível.

 

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