Fugas - Vinhos

Continuação: página 4 de 4

De que falamos quando falamos de vinagres?

“Um vinagre de vinho do Porto? Era o melhor do mundo!”

Carlos Gonçalves tem um sonho: fazer um vinagre com vinho do Porto. Mas a legislação portuguesa não permite. “Não compreendo”, desabafa. “Fazem-se vinagres com alguns dos vinhos mais nobres do mundo, com champanhe, com xerez. O nosso vinho do Porto podia estar ao mesmo nível. Era um vinagre que teria imediatamente uma posição revelante.”

Além disso, argumenta o proprietário da Paladin, seria vantajoso para todos. “De qualquer prisma, toda a gente ganha. É um produto com valor acrescentado e muito interessante, exclusivo de Portugal e que seria certificado pelo Instituto do Vinho do Douro e do Porto (IVDP). Era isso que queríamos, nem mais nem menos.”

Diz-se disponível para conversar com os produtores e com as autoridades responsáveis pela matéria para, em conjunto, acordarem as regras. “Se nos disserem que tem que ser num determinado tipo de garrafa, com rolha de cortiça ou outra coisa qualquer, tudo bem. O facto de ser regulado só lhe acrescenta valor. Aliás, queremos que seja regulado, para que seja um produto que só nós, portugueses, possamos fazer”. Acredita que em nada prejudicaria a imagem do vinho do Porto.

Questionado pela Fugas sobre esta questão, o IVDP, sem esclarecer as razões que sustentam esta decisão, referiu apenas que, de acordo com a legislação que aprova o estatuto das regiões de origem e indicação geográfica da região demarcada do Douro, “não é possível, neste momento, a comercialização de um vinagre denominado ‘Porto’”, sendo esta designação autorizada apenas nos vinhos licorosos provenientes daquela região e certificados pelo IVDP.

Carlos Gonçalves não vai desistir. “Ponham as regras que quiserem mas deixem-nos fazer um vinagre de vinho do Porto.” Também Rui Moura Alves, o produtor de vinho e vinagre da Bairrada, acredita no potencial dessa ideia: “Um vinagre de vinho do Porto? Era o melhor do mundo!”.

--%>