Nuno Cancela de Abreu (Quinta da Fonte do Ouro)
Nuno Cancela de Abreu começou a sua carreira no Douro, onde, entre 1981 1987, dirigiu a Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID). Foi docente durante dois anos na UTAD, no curso de enologia, apesar de ter formado no ISA, em Lisboa. Deixou o Douro em 1987 para ir trabalhar na Quinta da Romeira, em Bucelas, onde foi gerente e enólogo até 2001. Pelo meio, em 1991, cedeu ao chamamento da tradição familiar e deu início ao seu próprio projecto no Dão, com as marcas Quinta da Fonte do Ouro e Quinta da Giesta. Entre 2001 e 2010, acumulou este projecto com uma nova experiência profissional, desta vez na Quinta da Alorna, no Ribatejo, que restruturou de cima abaixo. A partir de 2010, concentrou-se nos seus vinhos. É um dos grandes técnicos de viticultura e enologia do país. A sua ida para o Dão é a prova de que a região, de forma gradual, está a começar a atrair a massa crítica que lhe faltava. P. G.
Três Júniores
Paulo Nunes
(Casa da Passarela)
A Passarela é uma das casas históricas do Dão, mas, como muitas outras, também entrou num acentuado declínio no último quartel do século XX. Em 2008 mudou de proprietário (foi comprada pela família Cabral, a quem terá saído o Euromilhões) e, desde então, voltou a estar nas bocas do mundo. A casa foi reconstruída, foram plantadas vinhas novas e recuperadas as mais velhas já existentes, a adega sofreu obras de modernização e a imagem e a qualidade dos vinhos mudaram do dia para a noite. O homem que está por trás desta mudança é Paulo Nunes, de 40 anos, um técnico que, antes de entrar na Passarela, integrou a equipa da Vine &Wines, liderada por João Paulo Gouveia (vinhos Pedra Cancela), um dos mais prolixos consultores enológicos do Dão, a par de António Narciso.
Paulo Nunes tem vindo a criar vinhos surpreendentes, apostando na diferenciação. “As pessoas estão cada vez mais ávidas de vinhos diferentes”, justifica. Uma linha de vinhos procura contar a história da Passarela e contempla marcas como o Enólogo e o Abanico. No topo está o Villa Oliveira, que recupera uma marca antiga da casa. A outra linha privilegia a criatividade e a inovação. São os chamados vinhos “Fugitivos”, vinhos fora da caixa e sem a mesma pressão comercial. O mais recente é o tinto Fugitivo Vinhas Centenárias, feito a partir de uma vinha muito velha maioritariamente plantada com Baga (alguns estudos recentes apontam para a possibilidade da Baga ser originária do Dão e não na Bairrada). P.G.
Tavares de Pina (Terras de Tavares)
Pela idade, Tavares de Pina já é um “sénior”. Mas a sua irreverência e a forma como insiste em fazer vinhos clássicos, com pouco sex appeal mas muito fiéis à tradição e tipicismo do Dão, fazem dele um eterno jovem inconformado, um irredutível gaulês nas terras de Viriato. Depois de ter passado pela Sogrape, Tavares de Pina começou em 1990 a fazer os vinhos da família na Quinta da Boavista, em Penalva do Castelo. Os vinhos que produz expressam verdadeiramente as castas e o lugar e possuem uma extraordinária vocação gastronómica. No que faz, não há espaço para maquilhagens ou modernices saloias. Os melhores vinhos aguardam vários anos em cave antes de sair para o mercado. Já são poucos os produtores do Dão que se dão a este luxo, mas não foi com vinhos novos que a região criou a sua fama. Os vinhos do Dão precisam de tempo para mostrarem todo o seu potencial e os vinhos de Tavares de Pina, em especial os Terras de Tavares, são um bom exemplo. O seu tinto Terras de Tavares Reserva 1997, por exemplo, está agora no auge. P.G.