Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
  • António Madeira com Dirk
Niepoort.
    António Madeira com Dirk Niepoort.
  • Tavares de Pina
(Terras de Tavares)
    Tavares de Pina (Terras de Tavares) Adriano Miranda
  • Paulo Nunes
(Casa da Passarela)
    Paulo Nunes (Casa da Passarela) Adriano Miranda

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Os 'séniores' e os 'júniores' que estão a mudar a imagem do Dão

Paulo Nunes (Casa da Passarela)
A Passarela é uma das casas históricas do Dão, mas, como muitas outras, também entrou num acentuado declínio no último quartel do século XX. Em 2008 mudou de proprietário (foi comprada pela família Cabral, a quem terá saído o Euromilhões) e, desde então, voltou a estar nas bocas do mundo. A casa foi reconstruída, foram plantadas vinhas novas e recuperadas as mais velhas já existentes, a adega sofreu obras de modernização e a imagem e a qualidade dos vinhos mudaram do dia para a noite. O homem que está por trás desta mudança é Paulo Nunes, de 40 anos, um técnico que, antes de entrar na Passarela, integrou a equipa da Vine &Wines, liderada por João Paulo Gouveia (vinhos Pedra Cancela), um dos mais prolixos consultores enológicos do Dão, a par de António Narciso.
Paulo Nunes tem vindo a criar vinhos surpreendentes, apostando na diferenciação. “As pessoas estão cada vez mais ávidas de vinhos diferentes”, justifica. Uma linha de vinhos procura contar a história da Passarela e contempla marcas como o Enólogo e o Abanico. No topo está o Villa Oliveira, que recupera uma marca antiga da casa. A outra linha privilegia a criatividade e a inovação. São os chamados vinhos “Fugitivos”, vinhos fora da caixa e sem a mesma pressão comercial. O mais recente é o tinto Fugitivo Vinhas Centenárias, feito a partir de uma vinha muito velha maioritariamente plantada com Baga (alguns estudos recentes apontam para a possibilidade da Baga ser originária do Dão e não na Bairrada). P.G.

António Madeira (António Madeira Vinhas)
António Madeira é um jovem luso-descendente com raízes no Dão. Engenheiro de logística em Paris, começou há uns anos a procurar no sopé da serra da Estrela vinhas velhas com castas locais onde pudesse fazer “Grands Crus”. Ele acredita que é nesta sub-região, de solos graníticos, que os vinhos se mostram “mais finos, frescos, austeros e minerais”. Romântico e de uma simplicidade desconcertante, António Madeira sonha um dia poder deixar o emprego em Paris para passar a viver do vinho no Dão. Por agora, produz poucas centenas de garrafas, a partir de pequenas parcelas de vinha abandonadas que tem vindo a recuperar na aldeia de Santa Marinha (Seia) e em povoações vizinhas. O seu primeiro vinho, o tinto António Madeira Vinhas Velhas 2011 (feito na adega da Quinta da Pellada e vendido pela Niepoort Projectos), tem origem numa pequena vinha que já não era podada há três anos. Tomou conta dela em 2010 e nesse ano apenas colheu 80 quilos de uvas. Nesta vinha predominam as castas Tinta Pinheira, Camarate e Tinta Amarela, um triunvirato de variedades que já pouca gente utiliza no Dão. António é uma espécie de arqueólogo do vinho, um defensor acérrimo da tradição e da intervenção mínima na vinha e na adega. Não é pelo que produz e vende que se tem destacado, embora já seja encarado pela crítica como uma estrela emergente no sector. O seu grande mérito é mostrar que o futuro do Dão está no seu passado, em métodos de vinificação tradicionais, em vinhas velhas que estão a ser abandonadas ou destruídas, em castas locais pouco conhecidas mas com grande potencial para fazer vinhos únicos. P.G.

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