Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
  • António Madeira com Dirk
Niepoort.
    António Madeira com Dirk Niepoort.
  • Tavares de Pina
(Terras de Tavares)
    Tavares de Pina (Terras de Tavares) Adriano Miranda
  • Paulo Nunes
(Casa da Passarela)
    Paulo Nunes (Casa da Passarela) Adriano Miranda

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Os 'séniores' e os 'júniores' que estão a mudar a imagem do Dão

António Madeira
(António Madeira Vinhas)
António Madeira é um jovem luso-descendente com raízes no Dão. Engenheiro de logística em Paris, começou há uns anos a procurar no sopé da serra da Estrela vinhas velhas com castas locais onde pudesse fazer “Grands Crus”. Ele acredita que é nesta sub-região, de solos graníticos, que os vinhos se mostram “mais finos, frescos, austeros e minerais”. Romântico e de uma simplicidade desconcertante, António Madeira sonha um dia poder deixar o emprego em Paris para passar a viver do vinho no Dão. Por agora, produz poucas centenas de garrafas, a partir de pequenas parcelas de vinha abandonadas que tem vindo a recuperar na aldeia de Santa Marinha (Seia) e em povoações vizinhas. O seu primeiro vinho, o tinto António Madeira Vinhas Velhas 2011 (feito na adega da Quinta da Pellada e vendido pela Niepoort Projectos), tem origem numa pequena vinha que já não era podada há três anos. Tomou conta dela em 2010 e nesse ano apenas colheu 80 quilos de uvas. Nesta vinha predominam as castas Tinta Pinheira, Camarate e Tinta Amarela, um triunvirato de variedades que já pouca gente utiliza no Dão. António é uma espécie de arqueólogo do vinho, um defensor acérrimo da tradição e da intervenção mínima na vinha e na adega. Não é pelo que produz e vende que se tem destacado, embora já seja encarado pela crítica como uma estrela emergente no sector. O seu grande mérito é mostrar que o futuro do Dão está no seu passado, em métodos de vinificação tradicionais, em vinhas velhas que estão a ser abandonadas ou destruídas, em castas locais pouco conhecidas mas com grande potencial para fazer vinhos únicos. P.G.

Três séniores
Manuel Vieira (ex-Sogrape)

Manuel Vieira chegou ao Dão, vindo do Douro, no final dos anos 80 do século passado. Encontrou uma região em crise, dominada por cooperativas amadoras, com pouco muito pouco trabalho académico disponível e algumas das melhores castas a caminho da extinção. Esteve na origem do projecto da Quinta dos Carvalhais, cuja adega foi inaugurada em 1990, ano de lançamento do primeiro Duque de Viseu. No mesmo ano, Manuel Vieira vinificou também o primeiro branco de Encruzado com fermentação em barrica, à moda da Borgonha. Foi o início de um trabalho notável na recuperação e promoção das melhores castas do Dão, desde a branca Encruzado às tintas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen. Em duas décadas, em boa parte graças ao trabalho de Manuel Vieira, a Quinta dos Carvalhais desenvolveu um gama de vinhos notáveis, entre brancos, tintos, espumantes e colheitas tardias, e tornou-se numa referência no Dão. Hoje, Manuel Vieira já não trabalha na Sogrape. Reformou-se e foi substituído por Beatriz Cabral de Almeida, que já criou um novo vinho tinto, o Grão Vasco Prova Maestra. O primeiro Reserva, de 2013, saiu recentemente e é um belo tinto, muito elegante, fresco e gastronómico. Mas o “senhor Encruzado”, como ficou conhecido, continua ligado ao Dão, agora como consultor do projecto Caminhos Cruzados. P.G.

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