A festa há-de prolongar-se noite dentro, mas ainda há sol no ar quando encontramos o criador de sapatos Luís Onofre. É fã assumido dos vinhos portugueses, já esteve no Yeatman numa ou noutra prova vínica, mas estreia-se hoje nas sunset wine parties. “Nem sempre a noite é a altura ideal para determinados eventos. Este é um sítio único, não há vista como esta e com os vinhos maravilhosos que estão aqui em prova esta torna-se de facto uma experiência única”, comenta o estilista, referindo a sua preferências “pelos tintos”, sobretudo “os do Douro”.
Ostras, lagostins ou sushi?
Para além dos vinhos, a gastronomia assume também papel de destaque nestas festas de fim de tarde. Grande parte do que aqui se come tem a mão de Ricardo Costa, o chef residente do Yeatman detentor de uma estrela Michelin. A oferta é variada — vai dos queijos e enchidos aos lagostins assados com especiarias, passando pelas ostras de Aveiro ou pela coxa de pato sauté. Mas lá fora também há porco a assar no espeto — “um momento mais tradicional”, diz Beatriz Machado — e numa das salas interiores uma concorridíssima sushi station. Os pratos foram pensados, naturalmente, para combinarem com os vinhos. E estes, refere Beatriz Machado, foram “completamente adequados à estação”. “Temos aqui tintos de Verão, brancos também, Portos mais fáceis de beber.”
A noite caiu entretanto e o Porto aqui em frente encheu-se de pontinhos de luz — as cores da cidade mudaram, mas não se perdeu encanto nenhum. “Isto é magnífico”, ouvimos dizer a um grupo de amigos na casa dos 30 anos. E entretanto apanhamos o produtor Luís Pato e perguntamos-lhe o que está a beber. “Espumante Vinha Formal”, ri-se. Foi uma das duas referências que trouxe esta noite para o Yeatman — a outra é um Vinhas Velhas Branco de 2012.
Se Luís Pato praticamente dispensa apresentações — será o produtor mais afamado da região da Bairrada —, Miguel Queimado representa um projecto “muito recente de vinhos”. É o produtor do Vale dos Ares, um Alvarinho de Monção que saiu pela primeira vez para o mercado em 2012. “Temos uma exploração do século XVII e antes éramos sobretudo produtores de uvas. Em 2012 tornámo-nos produtores de vinhos”, explica à Fugas.
No primeiro ano engarrafaram 3000 garrafas, no segundo 5000, este ano chegaram às 8000 e já exportam “para o Canadá e Alemanha”. “O mercado tem reagido muito bem. O nosso é um Alvarinho de altitude com muita elegância e frescura. Tem um bocadinho mais de acidez e frescura que os alvarinhos clássicos, o que lhe dá boa capacidade de envelhecimento em garrafa. Daqui a dez anos, os nossos vinhos vão estar excelentes para outros momentos de consumo, nomeadamente como vinhos brancos de Inverno”, antecipa Miguel Queimado.
Deixamo-nos estar uns bons minutos à conversa com o produtor, mas esta possibilidade de interacção com as caras dos vinhos não é exclusiva da imprensa. “A ideia é que quem vem a estas sunset wine parties possa conhecer não só os vinhos como também quem os faz”, adianta Beatriz Machado.
Por esta hora, já passa das 22h, ainda há quem procure as sandes de porco assado, mas muito boa gente já petisca as sobremesas — gelados artesanais ou o “poroso de chocolate”. Carolina e Mariana (lembram-se delas?) continuam nas selfies, mas agora noutro poiso. Os Voodoo, uma banda portuense que veio dar música ao Yeatman, já se fizeram ao palco e é vê-las a brindar com os amigos com outra cidade pelas costas. Afinal, quantos Portos cabem num ecrã de iPhone?