Foi por causa deste interesse crescente que, ao fim de alguns anos a trabalhar para o mercado francês, onde não tem marca própria (as ostras feitas em Portugal são vendidas sob as marcas dos diferentes compradores franceses), João decidiu lançar, em Janeiro, as Ostras Découverte, para o mercado português. “O passo seguinte será a internacionalização com esta marca no mercado espanhol, que começa também a crescer, no irlandês, no holandês.”
As Découverte crescem, em parte, no estuário do Sado (estas são chamadas “mouriscas”), mas na sua maioria são feitas no Algarve, na zona do Alvor (são as “formosas”). “Aqui [no Sado] as condições naturais do rio são muito boas para o desenvolvimento da ostra, é um rio que tem muitos nutrientes, mas as condições de trabalho são muito mais duras, há muita lama, os custos de produção são maiores. No Alvor é mais areia e pode-se trabalhar com tractor, como se faz em França.”
E o resultado é diferente? “No final, a ostra que cresce no Algarve é um bocadinho mais branca, o que tem a ver com o alimento. Em termos de sabor, a do Sado é um pouco mais doce, e no Inverno ainda mais porque, como é um rio, tem a mistura das águas das chuvas. No Alvor é só oceano, por isso a salinidade é mais alta. Quando se come a ostra do Algarve sentimos um sabor mais forte a mar.” Assim, mesmo vindas de uma maternidade francesa, estas ostras alimentam-se das águas portuguesas – e não é isto um produto de terroir, mesmo que aqui a terra seja o mar?
5 coisas que devemos saber sobre ostras
1. Calcula-se que haja no mundo uma produção anual de ostras de cerca de cinco milhões. O maior produtor é a China.
2. A espécie dominante (97%) é a crassostrea gigas.
3. Tal como todos os mariscos, a ostra é melhor no Inverno. No Verão os mariscos estão mais magros porque canalizam a energia para a reprodução. Além disso, os bivalves ficam leitosos e com um sabor menos agradável.
4. As ostras comem-se vivas. Sinal de que estão mortas é a concha abrir-se sozinha. Para ser fresca a ostra tem que estar fechada.
5. Não é fácil abrir uma ostra. Convém ter uma faca especial com a qual se corta o músculo adutor que se localiza no início do segundo terço da ostra. Aberta a concha, é preciso separar o músculo que une a carne à concha de baixo. Umas gotas de limão e está pronta.