Fugas - restaurantes e bares

Nuno Ferreira Santos

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XL sempre à cunha e sem surpresas

As sopas, uma meia dúzia, não se provaram. Dos soufflées, um dos emblemas da casa, pediu-se o de bacalhau (16,70 euros), para se confirmar que é no XL que se comem os melhores soufflées salgados que conheço. Chegou à mesa bem enfolado, de massa leve que não se amachucou, muito quente, muito bom.

Dos peixes provaram-se um clássico da casa e da cozinha lisboeta, o bacalhau à Brás (15,90 euros), muito suculento, amarelinho de gemas de ovos, conjunto catita; e as novidades - falo sempre em relação a 2001 - raia au beurre noir (18,90 euros), muito fresca, cozida a vapor no ponto, servida com a manteiga queimada e umas alcaparras para cortar a gordura, mais um competente puré de batata; e o toro de atum (19,90 euros), designação incorrecta, pois toro é o nome japonês para a parte mais gorda da barriga do atum, antes um belo bife, bem temperado e cozinhado no ponto, isto é, muito mal passado, servido na boa companhia de linguini com tinta de choco.

Das carnes, entre muitas escolhas possíveis, entre elas os bifes com que tudo começou nos anos 90, deixados de lado as novidades bochechas de porco preto e magret de pato, escolheu-se o rabo de boi (18,75 euros), uma das vedetas deste regresso; belissimamente temperado e estufado, foi servido com puré de batata, que aceitou na perfeição o apurado molho.

Nas duas jornadas beberam-se, por copos adequados à função, de uma carta de vinhos que impressiona pela quantidade, qualidade, actualidade da selecção e datação das colheitas, os brancos Morgado de Santa Catherina 2007 (18,90 euros) e Tiara 2008 (27,90 euros), este Niepoort pareceu-me mais austero e mais vinho do que as colheitas anteriores e o Morgado de perfil mais frutado e fresco do que outras safras, e o tinto Duas Quintas 2007 (12,80 euros, meia garrafa), que, com o seu perfil fino e harmonioso, foi o contraponto ideal à rusticidade do prato de rabo de boi. Quem quiser levar a sua garrafa pode fazê-lo, contra o pagamento de uma taxa de 15 euros de serviço. Esclareça-se que há um conjunto significativo de garrafas na carta de vinhos abaixo dos 15 euros.

As sobremesas são, como antes, o sector menos relevantes da ementa: crumble de maçã (4 euros), blattertorte (3,60 euros), crème brulée (4,10 euros) e uma mousse de chocolate com praliné de amêndoa (4,20 euros), que parecem todas saídas de uma dessas centrais de fabrico de doces. Com a agravante de a mousse de chocolate, aliás muito boa, não vir acompanhada de nenhum praliné, mas sim de farinha de amêndoas. O serviço é despachado, mas poderia ser organizado de maneira que, quando chegasse à mesa, o empregado soubesse quem pediu o quê.

A quem interessar, fica então avisado de que, para o pior - querendo evitar susceptibilidades digo, como os treinadores e jogadores de futebol, "o menos bom" - e para o melhor, o XL se mantém igual a si mesmo: afreguesado, barulhento, com uma cozinha segura, nada dada a aventuras, apurada e apaladada.

Nome
Restaurante XL
Local
Lisboa, Lapa, Calçada da Estrela, 57/63
Telefone
213956118
Horarios
Segunda a Sábado das 20:00 às 02:00
Preço
35€
Cozinha
Internacional
Espaço para fumadores
Sim
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