A Tasca do Chico, no Bairro Alto desde 1993, foi-se tornando um caso sério no fado dito "vadio" (há quem deteste o termo e prefira "amador) e, hoje, é ponto obrigatório do circuito fadista alfacinha, tanto para artistas consagrados como para potenciais estrelas ou apenas para quem não passa sem desabafar o seu fado. E, claro, para os turistas. O êxito é visível: a clientela chega a não caber nas noites de segunda e quarta, as sagradas para a cantoria. E o Chico já se estendeu a Alfama, com uma segunda casa, aberta em 2009, em versão mais restaurante.
Pelo Bairro Alto, é entrar, se conseguir, neste ninho do fado "vadio", uma revolução bairrista que seduz para o fado uma juventude impensável há uns anos atrás e que assumiu uma projecção até internacional.
É o próprio dono, Francisco Gonçalves, o primeiro a admirar-se com o êxito da fórmula da sua tasca, que recuperou os traços de uma taberna à antiga, emoldurada por dezenas de quadros, posters, recortes e fotos fadistas, já de devida patine, com mesas e bancos corridos.
Tudo começou em 1993. "Comecei a brincar. Isto era uma espécie de charcutaria. Eu trabalhava na Adega Mesquita, vinha cá buscar queijos, mais tarde fiquei com isto", conta Francisco, que quis remar contra a maré. Via o Bairro Alto vender as suas tascas de sempre a bares mais finos e decidiu "abrir uma nova tasca velha", os outros "corriam com os velhotes", quis fazer "a tasca com esse espírito".
Turistas de todas as proveniências, fadistas amadores e jovens potenciais fadistas "que vêm perder o medo e treinar", fadistas célebres ("a Carminho, Mariza, Camané, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, tantos...") misturam-se com clientes como "um velhote de 90 anos que está cá todas as segundas e quartas" - "quando não o vejo cá até fico preocupado com ele, que a sua presença dá logo uma grandeza". Entre o "elenco", não faltam "cromos" mas também grandes vozes ou mesmo surpresas como quando aparecem japoneses, espanhóis ou franceses a cantar fado.
É segunda-feira, passa da uma da manhã, e lá está o decano cliente enquanto um taxista-fadista lança o seu fado, um chouriço pega fogo, corre a cerveja, o vinho e a música. "Nunca faltam fadistas", comenta Francisco. E o êxito não trava, até acelera: depois de conquistar Alfama, sonha levar a tasca ao Porto e ao Algarve.
Por Alfama, a casa entra numa versão mais restaurante, mas mantém a mesma alma e o mesmo estilo decorativo e musical - a diferença está em que o fado acontece sempre, sem depender dos fadistas voluntários (que também podem cantar).
Comer e beber
Bairro Alto (fado vadio às segundas e quartas) - Entre as especialidades, há morcela, presunto, queijo, chouriço assado – tudo em redor dos €7,5. Cerveja e vinho a copo €1,5.
Alfama (fado de quinta a domingo, R. dos Remédios, 83): mesmos preços, mesmos petiscos + jantares (bacalhau, bifes, etc., - pratos a €10)
- Nome
- Tasca do Chico
- Local
- Lisboa, Encarnação, R. Diário de Notícias, 39
- Telefone
- 965059670
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 04:00