Há também canja de amêijoas com foie-gras e cebola grelhada; fígado de tamboril salteado com feijoada e salada de alho francês; ervilhas com ovo biológico estrelado e kimchi (couve fermentada típica da cozinha coreana); polvo de rocha, cabidela e ar de pepino; bife à cortador com chamuça de batata-doce. E os pratos que provámos no almoço: carapau fumado com molho à espanhola, gel de Alvarinho, funcho, coentros e cebola roxa; escabeche quente de pregado com puré de topinambo (um tubérculo de cor clara e sabor doce) e tomatada; e, para terminar, torta de laranja com geleia de laranja de Setúbal e crumble de queijo de cabra.
Houve também tempo para provar um prato novo, que ia entrar para o menu, e que junta dois ingredientes inesperados: coelho cozido a baixa temperatura, feito num rolo e frito, apresentado sobre uma base de pimentos em puré, chalotas salteadas e… uma salada de caracóis. Pode parecer estranho, mas os sabores do coelho e dos caracóis funcionam bem em conjunto.
A ideia dos dois chefs — que se conheceram no restaurante 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic — é precisamente poderem arriscar e construir pratos que possam ser tão inusitados como um boi-cavalo, mas que, no final, resultem bem. Era já isso que Hugo fazia no espaço onde esteve anteriormente — a cafetaria provisória da Trienal de Arquitectura, que funcionou durante três meses no Palácio Sinel de Cordes, junto do Campo de Santa Clara.
“O Hugo fez 134 receitas em três meses”, diz Pedro Mariguesa. E este arquitecto, sócio do projecto e responsável pela adaptação do espaço deste antigo talho (ainda se vêem os ganchos de ferro na parede), sabe do que fala. Durante a Trienal fez da cafetaria a sua cantina. Ia lá todos os dias e todos os dias experimentava coisas diferentes. “O Hugo tem uma enorme criatividade e o Pedro acompanha-o muito bem”, diz.
Entusiasmado com o que viu na cafetaria da Trienal, Pedro Mariguesa não hesitou quando se pôs a hipótese de, em conjunto, abrirem um restaurante. Juntaram-se a Ricardo Regal, souberam que o espaço da Rua do Vigário ia ficar livre e avançaram. No final de Abril abriram as portas e a curiosidade por um boi-cavalo pintado no exterior fez com que os primeiros clientes começassem a entrar neste que é, decididamente, um espaço diferente em Alfama. A porta está sempre aberta (por enquanto apenas para jantares) e a ementa reserva surpresas. Quem sabe se um dia não aparece num prato um coração cravejado?
- Nome
- Restaurante Boi-Cavalo
- Local
- Lisboa, Castelo, Rua do Vigário, 70B
- Telefone
- 218871653
- Horarios
- Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 20:00 às 02:00
- Website
- https://www.facebook.com/boicavalo.restaurant
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Autor