Fugas - restaurantes e bares

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O miradouro de São Noobai

Por Luís J. Santos ,

Um espirito viajante e cosmopolita, uma localização privilegiada - a dois passos do Bairro Alto e Chiado e no topo de um edifício com todo o Tejo à vista -, uma boa selecção de propostas e iguarias, uma agradável banda sonora. Tudo isto e muito mais tornam o Noobai uma morada obrigatória para os amantes das esplanadas alfacinhas.

Não há volta a dar: o espaço é simpático e confortável, as esplanadas bem dispostas, o salão interior bonito e viajado, a banda sonora escolhida a dedo, as sugestões de bebidas e comidas são airosas... Mas os sentidos não resistem e acabam por secundarizar tudo isso, evadindo-se por um olhar pelo Tejo água e pelo Tejo céu, num rumo contemplativo que tem a outra margem e a ponte como impulsores. O olhar escapa-se, claro, mas dificilmente seria uma navegação tão prazenteira e vagarosa se o porto de partida não estivesse todo pensado para permitir e auxiliar essa fuga.

Esta essência navegante do Noobai não é de agora: primeiro, é lógico que ajuda muito a localização privilegiada do edifício - um verdadeiro achado pacientemente esperado e trabalhado pelos proprietários do café, Susana Dinis e Edy -, junto ao Miradouro de Santa Catarina; depois, o prédio albergou antes a Casa dos Marinheiros Mercantes e um restaurante chamado O Marinheiro. Quando Susana e Edy lhe pegaram, o imóvel estava em declínio fatal. Obras para aqui, projectos para ali, o bom gosto da simplicidade por todo o lado e eis que renasce como Noobai, baptismo inspirado na expressão cabo-verdiana "nu bai" - nós vamos. E vale mesmo a pena irmos.

A entrada é discreta, num canto do Jardim do Adamastor. Olhos no casario a derramar-se até ao Tejo, desce-se uma leva de degraus e encontramos à esquerda a primeira esplanada (que só abre no Verão), mais uns degraus aportamos na segunda, mais uns passos e estamos no salão. A ocupação da sala está limitada ao robusto balcão (projecto de Edy), ao mobiliário sólido e de outras eras e, num espaço firmado por longas portas de madeira vermelhas, a algumas belas imagens cedidas pelos Marinheiros Mercantes e a alguns "souvenirs" de diversas paragens do mundo.

Susana Dinis explica que a essência do café passa pela ideia de Sul, do estar e cultura meridionais. E a ementa ajuda, com propostas de comidas leves e nutritivas (de saladas a tortilhas ou sushi) e uma boa oferta de bebidas a condizer, que primam pela frescura e natureza, seja nas caipirinhas e sakerinhas (com saké, frescas e bonitas), nos batidos de frutas, nas sangrias ou na boa selecção de vinhos nacionais (e aplauda-se a boa relação qualidade preço).

Entre as boas vistas, o bom ambiente e a boa ementa, basta um calorzinho e já se sabe que será preciso preparar uma paciente estratégia para conseguir mesa na(s) esplanada(s). Se não houver, espere lá dentro, que também se está muito bem por ali. Se ficar lá por fora e a noite refrescar, além da ajuda do aquecimento, há mantas à disposição - e no Inverno a carta costuma incluir uma bebida que garante aumentar a temperatura: vinho quente.

O defeito do café é que fecha cedo e não permite grandes aventuras nocturnas: é para ir até à meia-noite (ou até às 22h ao domingo). Mas o momento perfeito por aqui declina-se nos prazeres do gerúndio: é ir chegando aí pelo fim da tarde, ir-se deixando ficar na conversa, na leitura ou na contemplação, apreciando a beleza pura do pôr-do-sol estival a cair sobre o rio. É que o Noobai é mesmo um dos melhores miradouros lisboetas para ir ficando.

Nome
Noobai Café
Local
Lisboa, Santa Catarina, Miradouro do Adamastor (Santa Catarina)
Telefone
213465014
Horarios
Segunda a Sábado das 12:00 às 00:00
Domingo das 12:00 às 22:00
Website
http://www.noobaicafe.com
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