Fugas - restaurantes e bares

  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha

Continuação: página 2 de 3

O gosto alentejano da resiliência

Num saquinho de papel, chegaram quentinhas umas belas fatias de “Pão alentejano” (2 euros) e um pratinho de muito bom “azeite alentejano” (2 euros), o que ainda valorizou mais a simbiose perfeita dos dois produtos. Na mesa estava um suporte de madeira com um excelente trio de porco composto por presunto, copita e paio. Estas carnes não foram solicitadas, no entanto há que referir que estavam envoltas em película transparente, ficando protegidas de uma exposição ao ar desnecessária caso não sejam consumidas. Seguiu-se pelas “Entradas frias e quentes” (5 euros ou 12,50 euros), um extenso rol de petiscos onde uns brilharam mais do que outros.

As “Pataniscas de bacalhau” a saberem ao dito, de fritura seca e escorreita, mas um pouco massudas e com um intrusivo sabor a alho, ingrediente estrangeiro à maioria das preparações tradicionais. As “Bochechas de porco”, temperadas com massa de pimentão e estufadas vagarosamente surgiram gulosas e a lascar. Os “Passarinhos fritos” em azeite e bem temperados com alho e louro deram o seu sabor marcado através dos mini peitos e coxinhas. Gulosos estavam os “Pezinhos de porco”, com o respectivo osso, o que não impediu a carne de se delir na boca. Saborosas versões fininhas de linguiça e farinheira grelhadas. Os “torresmos de rissol” frios, de fritura em hora distante e nada crocante, característica que os torna irresistíveis quando estão quentes. Uma competente, embora deslocada, chamuça de frango, e uns mini pastéis de bacalhau que ora se mostram banais, ora se destacam entre os demais aperientes. As moelas tenras cozinhadas num molho rico em tomate e pimento. Na boa “salada de favas com linguiça” sobressaía um refrescante toque aromático a hortelã. E muito ficou por provar.

Os pratos principais centraram-se nas carnes com as “Plumas de porco preto” (18 euros, cerca de 6 mins.) e o “Lombete de porco grelhado”, aberto ao meio e ainda assim suculento (17 euros, cerca de 12 mins.), a serem dois bons exemplares de qualidade de produto (tanto no porco de raça alentejana como no “doméstico”), e confecção atenta. Muito boa a “Posta de novilho” (27 euros, cerca de 12 mins.) num naco alto e devidamente rosado e suculento no interior do corte. Deliciosa a “Costeleta de vitela do montado” (21 euros, cerca de 10 mins.), também conhecida como “vitela branca” (em França é muito prestigiada a da região de Corrèze), e cujo animal (com 6 a 12 meses) por ser criado em regime semi-extensivo evidencia um agradável sabor lácteo da sua carne pouco vermelha e uma consistência delicada. Num prato compartimentado vêem diversas guarnições: migas (muito boas); mini cenouras; couve ripada e salteada; e puré de maçã. Cumprem bem a função de acompanhar, mas sem deslumbrarem.

Tenho reservas em relação à “unção” de várias carnes diferentes com molhos à base de azeite e ervas aromáticas, ou com alho e pimento picado misturado com azeite. Reconhecendo que são preparações agradáveis e que por vezes complementam o sabor de carnes mais intensas como a de porco, não deixo de verificar que também obliteram parte das qualidades gustativas naturais de uma peça de sabor mais refinado como a vitela ou o novilho. Este reparo deve-se ao facto do usos de alguns molhos não ser sempre nos mesmos “cortes” parecendo não haver um critério definido. A referência que a ementa faz aos tempos de grelha é sensata para com o cliente e indicadora de que a preparação é “ao momento”.

Nome
Rolo - Grelhados do Norte Alentejano
Local
Lisboa, Santa Maria dos Olivais, Alameda dos Oceanos, Galeria Rio Plaza, Loja 6
Telefone
218954816
Horarios
Terça a Domingo das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:30
Website
http://www.restauranterolo.com/
Preço
30€
Cozinha
Alentejana
Espaço para fumadores
Sim
--%>