No início foi o Porto. E a vontade de fazer algo ligado à música e à moda. Algo memorável, algo como um encontro fugaz em terras estranhas que se agarra à memória, algo ao estilo de "era uma vez.". Então, surgiu um "era uma vez" que começa (e acaba) no Porto um "era uma vez" de colheita "vintage", e, portanto, irredutivelmente contemporâneo. É mais conhecido como bar, mas é também salão de chá e já foi muitas outras coisas só nunca foi monótono.
Após o terceiro aniversário, o Era Uma vez no Porto apresentou-se mais encolhido e mais especializado. A parte boa é que manteve a personalidade retro e alternativa que fez dele um clássico imediato e até descobriu que sabe dançar, pelo menos "bater o pé": fá-lo no Rés-do-Chão, ao fim-de-semana apenas, no espaço onde já se vendeu roupa "vintage" e em segunda mão, bicicletas cruiser e chopper, artesanato urbano.
Entramos na casa antiga, branca, largas janelas com vista para o rio Douro prestes a encontrar-se com o mar, pelas porta escancarada não há nenhum sinal, mas a porta assim é um convite, para descobrirmos um espaço que já foi muitos espaços, embora tenha sido originalmente pensado para ser apenas sala de chá e bar. Transformou-se, por força das circunstâncias ("tinha" de ser aquela casa, mas era sobredimensionada para o projecto inicial) num pequeno, pequeníssimo, centro comercial alternativo e camaleónico uma espécie de Artes em Partes (ainda mais) familiar. O que permanece igual é a sala de chá/bar (que na verdade são três espaços, com ambientes distintos), no primeiro andar.
De resto, já houve um cabeleireiro, loja de mobiliário, loja de produtos naturais. O Era Uma Vez no Porto já vestiu muitas peles (irá, com certeza, vestir outras) e agora apresenta-se em versão reduzida (quase) até ao esqueleto e esse esqueleto é mesmo a sala de chá/bar, que actualmente se faz acompanhar somente do Gira-Discos, o espaço onde a música, a literatura e o cinema se encontram em porções desequilibradas, mas onde há papel de parede retro à venda para compensar.
Aliás, retro é mesmo a palavra de ordem (e não faltam sequer os sabonetes e outros produtos da Claus Porto para vender, em exposição numa cristaleira), sobretudo na decoração. O papel de parede que vendem também cobre duas salas: uma é uma espécie de "lounge" no andar superior, tons de verde, castanhos e amarelos nas paredes, mesas baixas e "puffs" uma sala saída dos anos 70, portanto; a outra é o recém-inaugurado Rés-do-Chão, um "prolongamento do bar", como explicou Nelson Pedrosa, sóciogerente, em vários tons de rosa (e rosas nos tampos das poucas mesas), que se ilumina com a bola de espelhos no meio e vários focos de luz há candeeiros, retro, claro, pendurados por cima do balcão mas esses são para venda. É aqui que se "bate o pé", diz Nelson, o contraponto do andar de cima, onde a ideia é sentar, beber um copo e conversar.
A sala principal é a que merece verdadeiramente o epíteto de sala de chá: paredes brancas, mobiliário de madeira escura, devidamente caucionado pelo acumular de anos porque a atmosfera é sempre "vintage", embora nunca pesada ou ostensiva. Às vezes são apenas pormenores: mesinha com telefone e sofás no patamar das escadas, bengaleiro com espelho no cimo.
- Nome
- Era uma vez no Porto
- Local
- Porto, Bonfim, Rua das Carmelitas, 162, 1.º
- Telefone
- 914376801
- Horarios
- Segunda a Sexta das 21:30 às 20:00 e das 21:30 às 02:00
Sábado e Domingo das 16:00 às 02:00
- Website
- http://www.eraumaveznoporto.blogspot.com