Fugas - restaurantes e bares

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A cozinha de autor também pode ser acessível

Por José Augusto Moreira ,

"Cool" ou "trendy"? O Restaurante da Casa da Música mudou e está mais moderno e vanguardista. A cozinha é de qualidade e acessível e há até quem lhe chame "low cost".

Antes de mais há que falar do espaço. O Restaurante da Casa da Música, no Porto, ocupa todo o último piso (o sétimo) do magnífico edifício concebido por Rem Koolhaas. Salão amplo e com um enorme pé direito, que mesmo concebido para a função restaurativa comunga da filosofia arquitectónica de todo o conjunto. Sem deixar de transmitir um acolhedor aspecto simples e minimalista, revela-se também rebuscado e sofisticado e a despertar a curiosidade e vontade de descoberta do visitante. Só por isto, já a visita estaria mais do que justificada.

A ideia, era, no entanto, outra. Não tanto voltada para a acomodação física e intelectual, mas mais para o aconchego do estômago, e o resultado, há que dizê-lo desde já, não é menos reconfortante. Pela qualidade da cozinha, sem dúvida, mas também pela nova filosofia com que o espaço é agora aproveitado depois das mudanças na gestão do restaurante. Fracassada - apenas em termos económicos, presume-se - a experiência do sofisticado Kool, é a própria Casa da Música que gere agora o espaço, tendo-se mantido o chefe Artur Gomes à frente da cozinha, o que à partida garantia o padrão de qualidade gastronómica.

Por simplificação de linguagem poderá dizer-se que da sofisticação "cool" se passou para um ambiente mais "trendy", no sentido em que o estereótipo do formal fato e vestido escuro dos executivos dá lugar agora uma clientela mais diversificada, moderna e vanguardista. A imagem é, obviamente, redutora, mas serve para mostrar que o espaço se adapta à utilização que dele a clientela pretender fazer, dentro dos padrões de uma cuidada gastronomia. Desde logo pela criação de três tipos de espaços diferenciados: restaurante, barra-bar e esplanada, a permitir diferentes abordagens gastronómicas e com amplitude de horários.

Além da esplanada, com larga perspectiva sobre a zona da Boavista, o amplo salão com vistas para o céu é agora dividido em espaços complementares por uma avantajada peça artística de Pedro Cabrita Reis. Trata-se da instalação "The cotton fabric paintings #18 (Bluebeard castle series) 2007" - originariamente concebida para cenário das óperas "O Castelo do Duque Barba Azul" e "O Rapaz de Bronze", exibidas em 2007 no palco principal da mesma Casa Música -, que está agora colocada sobre o balcão que divide as zonas de restaurante e barra-bar.

O chefe Artur Gomes anuncia uma cozinha de autor "low cost", incluindo vantajosos e aliciantes menus do dia para o almoço (10€) e o jantar (17€). A diferença é que ao almoço se pode optar por uma entrada ou sobremesa, enquanto o jantar inclui ambas. No mais, a refeição inclui um prato principal (pelo menos duas opções de peixe ou de carne) e a bebida, que tanto pode ser um copo de vinho, como água, refrigerante ou cerveja.

Experimentou-se um desses jantares, tendo-se escolhido um creme de cogumelos com crutons, que estava impecável; espetada de perna de porco sobre grelos e batata assada, de confecção e apresentação escorreitas; e rabanada de abacaxi com gelado de baunilha, tudo na companhia de um copo de tinto do Douro (Castelo d''Alba). Bastará dizer que tanto o creme de entrada como a sobremesa se revelaram de refinado apuro culinário, só por si mais do que justificando o preço da refeição.

Nome
Restaurante Casa da Música
Local
Porto, Porto, Avenida da Boavista, 604/610 - Piso 7
Telefone
220107160
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 23:00
Quinta a Sábado das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 00:00
Website
http://www.casadamusica.com
Preço
10€
Cozinha
Autor
Espaço para fumadores
Não
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