A grandiosidade da paisagem do Douro é fruto do trabalho humano, daí ser tão impressionante. O que se vê e desfruta não existiria se não fosse o esforço heróico e o sacrifício de gerações e gerações de mulheres e de homens que, quase sempre em condições penosas e a troco de fracas compensações, transformaram colinas de matorral e pedregulhos em jardins de vinhas e lugar de nascimento de um dos mais extraordinários vinhos deste nosso mundo, o Porto. Tem de se reconhecer e lembrar que, antes do aparecimento destas novas jóias arquitectónicas, já o Douro possuía um rico património construído, ligado às quintas vinhateiras, de solares, casas apalaçadas e palácios, muitos dos quais hoje em dia albergam projectos de turismo rural de bom gosto e qualidade assinaláveis.
Uma recente visita ao Douro Vinhateiro deu-me possibilidade de ir experimentar o restaurante da Quinta da Romaneira, que se encontra aberto a passantes, caso se faça marcação prévia de mesa. A hospedagem inclui refeições e, quem frequentar a quinta nesta situação, caso não seja dado a rotinas, pode variar o lugar dos almoços e dos jantares. "Até num barco os pode fazer", informou-me um funcionário. O espaço hoteleiro organiza-se em dois núcleos principais, há uma piscina exterior e uma espantosa piscina interior, locais para massagens, sala de cinema, de bilhares, carrinhos eléctricos silenciosos para transportar os hóspedes, um restaurante especialmente pensado para servir os passantes, mas que pode ser utilizado pelos hóspedes... A Quinta da Romaneira só não tem televisões nem um quarto igual ao outro. De resto, parece que tem tudo, garantindo-se que está preparada para satisfazer todos os desejos de quem nela se alojar. Evidentemente dentro dos limites do bom senso. Ao que se comenta, não é um lugar barato, mas eu fiquei-me pelo preço do almoço.
No restaurante da Romaneira não há serviço à lista. Há um menu de degustação proposto pelo chefe de cozinha, o francês Fréderic Eyrier, e confeccionado pelo subchefe, o português José Pinto, um jovem. O menu, caso inclua dois pratos principais, custa 80 euros; só com um prato custa 60 euros, em ambos os casos sem bebidas. Há uma carta de vinhos com grandes referências nacionais e internacionais, mas pode optar-se por acompanhar a refeição com os vinhos da casa, como foi o caso do nosso grupo. Optámos pelo menu com um prato principal.
E foi assim. Para início de conversa e um copo do branco Romaneira da colheita de 2007, fresco, seco e equilibrado, pasta de atum de conserva untuosa, com alcaparras, para barrar fatias de bom pão. Seguiram-se três entradas: uma curiosa tempura de bacalhau fresco com vinagreta de milho, a lembrar as iscas de bacalhau curado fritas das feiras minhotas, embora de sabor mais delicado, com a vinagreta de milho (grão em leite, não seco) a dar um toque de originalidade ao conjunto; depois, rolo de atum fresco com legumes (curgetes, cenouras, entre outros, às fitinhas), refrescante; e uns bem imaginados lagostins com manteiga de pistáchios, eles cortados ao meio, com as metades cobertas pela manteiga de pistáchios, gratinados, que teriam ganho em sabor se tivessem tido menos tempo de forno. Para as entradas foi-nos proposto e aceite um copo do branco Romaneira Verdelho 2007, muito mineral, que apreciou a companhia.
- Nome
- Restaurante da Quinta da Romaneira
- Local
- Alijó, Pinhão, Quinta da Romaneira dos Sonhos (Pinhão)
- Telefone
- 254732432
- Horarios
- Sexta das 18:30 às 22:00
Sábado das 12:00 às 14:30 e das 18:30 às 22:00
Domingo das 12:00 às 14:30
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
- Espaço para fumadores
- Não