15.11.2011 | Projecto bar Le Chat distinguido com prémio ibérico de arquitectura
Não serão muitos os que se lembrarão da primeira vida deste ''gato'': foi em 2007, numa outra estrutura temporária exactamente no mesmo local, quase na entrada principal do Museu de Arte Antiga - "uma experiência que durou seis meses", lembra a proprietária e gerente Camila Fonseca. "Serviu para aprender", remata, e "para criar agora este projecto a longo prazo, mais pensado". Já se sabe que é da experiência que nasce a conclusão e, diga-se, cá temos uma bela conclusão: fazendo jus ao felino que lhe serve de mote, o Le Chat conquistou o direito a uma segunda vida e apresenta-se imaculadamente transparente e reflectivo (em duas camadas: tanto reflecte literalmente como é sítio ideal para bons momentos de reflexão) e, no resto, de uma imensa alvura.
O Le Chat não é nada de mais e explica-se em duas penadas: uma caixa-aquário de vidro de olhos no Tejo e costas para jardim, esplanada altaneira quase a pisar telhados, interiores espelhados que reflectem rio, ponte, árvores, museu, Lisboa...; dentro do aquário, tudo em branco, incluindo um balcão de bar bem artilhado; em terraço, mesas e cadeiras (as tradicionais cadeiras Gonçalo) branquinhas. Não é nada de mais e já se vê que este projecto, assinado pela dupla de arquitectos José Maria Cumbre e Nuno Sousa Caetano, é quase tudo. Nada fica melhor ao luxo que o condão da simplicidade.
Camila Fonseca explica que a condição essencial para a estrutura, situada no topo de um armazém, era precisamente "um espaço que não se impusesse" porque "o espaço é a sua vista". Felizmente. Porque, olhe-se de onde se olhar, a construção, embora, claro está, não invisível, tem a naturalidade possível. Além-vidro e além-transparência e ao ar livre, o rio e suas margens dão-nos mais um superlativo lugar comum, aquele que faz as delícias de moradores e visitantes, o efeito postal ilustrado no seu melhor. A luz de Lisboa, a ponte a sustentar o entardecer, velas a navegarem, pequenos e imensos barcos... e, vá lá, o comboio ali mesmo em baixo a passar e até, em postal mais industrial, grandes contentores à espera de futuro. É coisa da modernidade mas, enquanto o tempo não muda o resto do cenário, até permite o vislumbre de uma Lisboa Antiga: é passear pela esplanada e descobrir, na falda do ex-líbris da Arte Antiga, o casario envelhecido, até uma barraquinha pirata...
E ganhando nós agora este novo portal-maravilha que mais se pode esperar deste bar felino? "Qualidade", promete Camila. Eis a palavra-chave nas bebidas (entra Nuno Ferreira, barman experiente e académico dos cocktails), nas comidas (entra António Ferrador, jovem cozinheiro profissional) e no serviço (entram todos, que este quer-se "dinâmico e atencioso", até para contradizer alguma má fama de muita esplanada destas terras).
Referências
Le chat qui bebe
A carta de bebidas, promete Nuno Ferreira, pode ter muita e variada coisa, mas "o centro são os cocktails". Ou não fosse o professor Nuno, ligado à Cocktail Academy, um mestre que se dedica também a dar formação na área, após experiências por outras geografias, de Istambul a Marbelha, trabalhando também em parcerias com o grupo Tivoli ou com o Instituto do Vinho do Porto. Além de uma "garrafeira escolhida a preceito" ou de especialidades etílicas, haverá cocktails para gregos e troianos, adaptados para o factor zen natural ao bar. A carta é sazonal e baseada em "marcas de topo" e produtos frescos (incluindo nos vegetais e ervas, que Nuno quer desenvolver uma aposta em matérias de mercado pouco habituais), garantindo "sabor e criatividade". Como os olhos também bebem, soletre lá os destaques: Mojito com gengibre, Martini de maçã verde ou com manjericão ou com tomate cherry, Bloody Mary com mozzarella di bufala... ou Daiquiris vegetais e outras artes da mixologia salpicadas de coentros ou alecrins... Mas a carta promete mais: Nuno aposta numa selecção de licores portugueses, não tão habituais assim, do mais conhecido Beirão aos menos provados licores de poejos ou eucalipto (tal e qual). Noutras vertentes, podem encontrar-se especialidades como o ainda raro whisky japonês Suntory Yamazaki (a €15, o que já diz muito: é que espantou muito boa gente ao ser considerado dos melhores do planeta, tendo a Suntory surpreendido mais meio mundo ao receber um "Óscar" mundial dos whiskies para melhor destilaria 2010). E se não for pelo whisky, que tal agasalhar-se neste Outono/Inverno com um vinho quente acabadinho de fazer?
- Nome
- Le Chat
- Local
- Lisboa, Lisboa, Jardim 9 de Abril
- Telefone
- 966537387
- Horarios
- Terça a Domingo das 12:00 às 00:00
- Website
- http://www.lechat-lisboa.com