Fugas - restaurantes e bares

Fábio Teixeira

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O pão em cinco sentidos

Finda a espera, o atendimento pode surpreender pela familiaridade - quase se diria de outros tempos: do outro lado do balcão sabe-se o que se está a vender e a melhor forma de chegar ao cliente, tornando a compra de um simples pão, seja para levar ou consumir na loja, acompanhando com um típico galão ou com um sumo natural (diariamente há dois diferentes), uma experiência. É que em termos do serviço há também um cuidado especial e não é por mero acaso.

Para que tal suceda, houve um investimento ao nível da formação, com foco no atendimento, e todas as pessoas foram, até aqui, escolhidas em entrevista directa com o gestor. A partir de agora, com o crescimento que a rede almeja, Nuno admite que tal não continuará a ser possível, mas, ressalva, os gerentes de loja serão sempre escolha sua, assim como também foram padeiros e pasteleiros. Além de que formação continuará a ser uma aposta, uma vez que A Padaria Portuguesa pretende posicionar-se no mercado como "criadora de mão-de-obra especializada" e, pelo caminho, "devolver a dignidade às profissões de padeiro e pasteleiro".

"À falta de pão, boas são as tortas"

 ...lê-se num dos vários aforismos espalhados pelo espaço. Mas dificilmente faltará pão a esta mesa. E o que tem o pão daqui de diferente dos outros? Há vários factores que contribuem para a sua diferenciação, assim como da pastelaria: o cuidado com os processos de fermentação e de levedação, a selecção das matérias-primas e, até em algumas receitas, a simples preferência pela manteiga em relação à margarina. São derivadas que fazem de alguns bolos e pães produtos de valor, devidamente assinalados, como acontece com as bolas de Berlim, em que é usado "o verdadeiro creme de pasteleiro, o original", menos vistoso que os de fábrica, mas "bem mais saboroso".

Mas há outro factor que marca a diferença: o tratar o pão enquanto objecto de estudo. Por isso, antes de chegar à venda, as diferentes variedades de pão e de bolos foram feitas e refeitas vezes sem conta, até se chegar ao desejado. Assim aconteceu com a massa de brioche, usada tanto para os pães de Deus como para as bolas de Berlim, duas especialidades da casa: "Foram executadas várias receitas até chegarmos ao que queríamos", conta Nuno que, aos 32 anos, decidiu trocar uma década como gestor da Jerónimo Martins por um negócio que o próprio define como "um Pingo Doce do pão", uma cadeia de padaria e pastelaria que chegue a todos e que se afirme pela qualidade, sem cair na armadilha do ambiente descaracterizado. Para que isso não aconteça, o gestor lança o terceiro pilar d'' A Padaria: "Viver o bairro", isto é, tornar-se um ponto de encontro das gentes do bairro, um sítio onde as pessoas se conhecem e sabem o que as espera, mas também uma mais-valia para o mesmo, integrando projectos de interesse comum.

E aqui chegados, é tempo de dar uso aos sentidos que melhor testam o material d'' A Padaria: tacto e paladar. Podem ser postos à prova em casa, mas o ideal mesmo é saciá-los logo aqui. E assim aproveita-se para pôr em uso outro chavão, lido nos primeiros momentos, por entre pãezinhos e bolinhos: "Era tão bom que se acabou".

Nome
A Padaria Portuguesa
Local
Lisboa, Lisboa, Av. João XXI, 9 (ao Areeiro)
Telefone
218485083
Horarios
Todos os dias das 08:00 às 20:00
Website
http://www.facebook.com/pages/A-Padaria-Portuguesa/163615110317890
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