Fugas - restaurantes e bares

Fábio Teixeira

O pão em cinco sentidos

Por Carla B. Ribeiro ,

O pão não serve apenas para comer. Por aqui, também serve para admirar, cheirar ou mesmo ouvir... A Padaria Portuguesa é um desafio aos sentidos e dá a saborear a tradição bem amassada com a modernidade. Uma padaria que, sublinhe-se, até quer "devolver a dignidade às profissões de padeiro e pasteleiro".

Ainda não são seis da tarde, mas a noite já cobre a avenida. As lojas estão abertas mas em lento movimento. À excepção de uma casinha, cuja porta não pára de abrir com gente num corrupio de entra e sai. É certo que, entre a escuridão da rua e o frio que se sente, a luz e calor que o espaço irradia são magnéticos, assim como a mini-esplanada ao ar livre (detalhe: equipada com aquecedores). Mas, acima de tudo, a atracção maior é o aroma. Perfume de pão acabadinho de fazer, um dos pilares d'' A Padaria Portuguesa, uma, digamos, "Starbucks do pão" que, em pouco mais de um mês, já abriu duas lojas (em Lisboa, abriu a 5 de Novembro no número 9 da Avenida João XXI; em Vila Franca de Xira, estreou-se a 13 de Dezembro na Rua Alves Redol, n.º 109) e mantém uma fábrica, em Samora Correia, que garante o fornecimento global.

Como estamos na padaria alfacinha, fermenta-se-nos logo uma questão: se o pão viaja até aqui uns 50 quilómetros, de onde vem este cheirinho tão imaculado de pão acabado de cozer que tanto inebria como abre o apetite? Nuno Carvalho, sócio e mentor do projecto d'' A Padaria, desvenda o segredo: entre as dezenas de variedades de pão que A Padaria vende, há duas que vêem da fábrica ainda por cozer. Um pequeno truque que garante que a casa seja invadida pelo tal cheirinho, do início ao fim do dia, e que haja sempre pão quente a servir. É que, realmente, o nariz também come...

Já com o sentido do olfacto plenamente satisfeito, segue-se o festim visual, a começar por uma montra vestida de cestas de vime, cheias de pães e pãezinhos de todas as formas, variedades e feitios, complementada pelo ingrediente principal que dá vida ao produto final, molhos e mais molhos dourados de espigas de trigo. Do lado de lá, um espaço emoldurado por laterais negroardósia que contrastam com outras laranja-ensolarado e composto por uma dezena de pequenas mesas rectilíneas em madeira. Finalmente, no topo, duas vitrinas perpendiculares contínuas revelam as jóias da coroa - pão e bolos.

Toda a decoração, nota-se, foi elaborada com linhas modernas mas a piscar o olho a gostos de outros tempos: "O ambiente de loja foi pensado como uma experiência entre o contemporâneo e o tradicional". A confirmá-lo, o chão de mosaico hidráulico, igual a tantos que se pisavam nas casas das avós, em tons castanho e laranja; os dispensadores de guardanapos, minuciosamente forrados; os sacos do pão em pano, prontos a serem levados para casa. E, em breve, facas e tábuas em madeira.

Já conseguimos abrir-lhe o apetite? Então prepare-se para a má notícia: durante o tempo que nos propusemos a provar as especialidades da casa o movimento não abrandou, apesar de se tratar de uma das horas mais mortas. "Há alturas em que chegam a estar aqui dezenas de pessoas à espera", adianta Nuno. E, embora seja verdade que o mais certo é tirar senha e ter de esperar, não há motivos para desesperos. Basta accionar outro sentido: o do ouvido. É que não só o pão é português. Também a música, em volume ambiente e de gosto ecléctico, o é. Depois, quando as filas engrossam, há sempre algo a dar a provar aos clientes que lhes acalme a ansiedade e aguce a gulodice: seja um pedacinho de um bolo ou até mesmo uma compota caseira em pão da casa.

Nome
A Padaria Portuguesa
Local
Lisboa, Lisboa, Av. João XXI, 9 (ao Areeiro)
Telefone
218485083
Horarios
Todos os dias das 08:00 às 20:00
Website
http://www.facebook.com/pages/A-Padaria-Portuguesa/163615110317890
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