Desde Novembro que Fábio Pereira repete as idas ao Janelas do Fado que é como quem diz ao "Palco dos Sonhos". Todas as quartas-feira esta casa de fado abre o palco a entusiastas. É quase um concurso, "ao estilo dos Ídolos", compara Fábio, com júri e tudo. "Isto é para eles aprenderem, estão a cantar com profissionais", esclarece o proprietário, Miguel Cardoso.
Os profissionais são muitos porque elenco é "grande" ("10 ou 11"): hoje escutamos três músicos (guitarra portuguesa, viola e viola baixo) e três fadistas - depois, os "concorrentes". "Escalados são três, mas aparecem sempre mais". A variedade é importante, explica, para os clientes não escutarem sempre o mesmo. Fábio concorda. Só vem às quartas e aos domingos (apresentação "informal" dos concorrentes) e já os ouviu quase todos. Com os músicos "trabalha": "tiram os tons, dão as suas opiniões. Tem sido uma escola."
Desde os 11, 12 anos que canta e agora, com 21, sobe ao palco de calças cinza, camisa escura, olhar sério que não é o mesmo de quando lhe falamos. "Sei de um rio, sei de um rio...". Camané foi sugestão dos músicos, explica a namorada, Patrícia Rocha. Segue-se "Rosinha dos Limões" e em "Canto o fado" os braços já se movem a pedir o coro - termina e perguntam-lhe se já fez teatro: ele estudou teatro. "Bem-vindo ao clube do fado."
Hoje, o fado ao vivo começa às 22h. Até então, é música gravada que acompanha os comensais ou quem apenas toma algo (por enquanto seis mesas ocupadas, mas aqui a noite é uma criança e outras se seguirão) - o consumo é livre neste espaço de linhas modernas, desenhado a vermelho e negro, nas traseiras dos Bombeiros Voluntários de Leixões. A luz é sempre baixa, mais baixa ainda quando as guitarras trinam. Há respeito aqui e há o bichinho irresistível da música, que se transforma em coros que são quase litanias: "Leio em teus olhos recordações do passado", canta Ana Santos, preto quase integral, e cantam todos; "A minha rua é toda ela uma aguarela para um pintor" e a sala acompanha Ângela Sintra, mini-saia e xaile preto na mão.
A seguir, entra Sandra Cristina, uma das "amálias" de La Féria, directora comercial e mãe de três filhas, duas das quais a acompanham hoje. Aos 12 anos, era a "pequena vedeta" do elenco da Taberna S. Jorge ao lado de Fernando Maurício, por exemplo. Hoje, está bem com o fado "como segunda profissão". "Há semanas em que canto todos os dias."
Se há nova geração de fadistas, a Janelas do Fado quer assumir-se como a nova geração de casas de fado. Tem dois anos apenas e "surgiu com uma imagem nova, com fadistas jovens", explica Miguel Cardoso. "Havia um espaço por preencher para a juventude que aparece agora e não se identifica com as casas existentes." Aqui, trabalha-se para o "mercado nacional". Se calhar, por isso saímos perto da uma da manhã com os fados e guitarradas ainda à solta. Os músicos ainda no seu posto e "amigos" da casa a cantarem até que a voz lhes doa.
Comer e beber
O preço médio do jantar é 30€ (consumo sem jantar: 15€, a partir das 23h30).
- Nome
- Janelas do Fado
- Local
- Porto, Porto, R. Augusto Gomes (junto ao Tribunal e B.V.Leixões)
- Telefone
- 916863956
- Horarios
- Quarta a Domingo das 20:00 às 02:00
- Website
- http://www.janelasdofado.pt.to
- Cozinha
- Portuguesa
- Espaço para fumadores
- Não