Qualquer ponto dos três níveis do Chafariz garante conforto suficiente, sempre em ambiente tertuliano, para dedicarmo-nos a esmiuçar a longa carta de vinhos, composta por um conjunto de vinhos velhos e algumas raridades gloriosas, a que se juntam "novas marcas, regiões menos faladas e longe das modas". Serão mais de duas centenas de referências, que vão mudando conforme as circunstâncias, com em redor de uma ou duas dezenas de garrafas abertas (mas abrem outras garrafas desde que garantido o consumo de dois copos). A produção nacional faz quase o pleno (até porque, dizem-nos, não há grande procura por vinhos estrangeiros) mas há lugar para outras proveniências (França, Alemanha, Chile, Argentina, Espanha ou Itália).
O Chafariz trabalha com pequenos "stocks" e aposta numa grande rotação, sendo certo que nunca faltam pequenas grandes descobertas ou os produtores venerados. "Alguns vinhos são únicos, porque comprámos a produção toda", sublinha Martins. Há também uma selecção de vinhos velhos, "para quem gosta", porque não são para todos os paladares. Se não é um estudioso do vinho, é só pedir ajuda: há sempre alguém aqui para dar bons conselhos.
"As pessoas pedem muito o que está na moda, pedem muito Douro, pedem muito Alentejo, como se o resto do país não existisse. Forçamos um pouco a nota, nos tais menus de prova, porque indicamos quais são os vinhos para cada prato. Uma quinzena com vinhos de Lisboa, noutra do Ribatejo, vamos diversificando os vinhos e dando a conhecê-los. Por vezes as pessoas não provam por preconceito não é por falta de qualidade desses vinhos. "Neste momento, temos vinhos de qualidade em todas as regiões, é uma questão de saber escolhê-los". O vinho do Porto está também sem presente, até porque integra os menus de degustação: "Desde o princípio que fizemos uma força no vinho do Porto", conta Martins, "porque sempre achei que era importante servir mais vinho do Porto, dá-lo mais a conhecer".
No cofre, há alguns exclusivos, por exemplo, espumantes da Murganheira ou, por alturas desta conversa, um vinho branco do Dão de pequena produção (umas dezenas de garrafas). E alguns vinhos originais que se afastam das cartas de vinhos dos restaurantes, mais próximas do que as distribuidoras têm. "Como viajo muito pelo país", explica, "compro pequenas quantidades, às vezes nos próprios produtores, compro uma caixa, duas caixas", e "com essas pequenas quantidades vamos conseguindo ter uma lista de vinhos bastante alargada. Até porque também não podem ter grandes stocks, porque o túnel não é amigo da durabilidade de rótulos ou de caixas de cartão ou madeira. "Temos o que temos, quando acabar, acabou".
Servindo petiscos e menus, a enoteca não é de todo um restaurante. Os vinhos - repartidos por duas cartas, uma com espumantes, brancos e muitos tintos; outra de Porto - é que pedem boas companhias, estruturados para sublinharem os néctares. Porque aqui o mandamento nunca muda, como remata o senhor Kleinhans: "Em primeiro lugar, está sempre o vinho".
E pode contar-se com o Chafariz nesta Mãe d'Água pelo tempo que a EPAL e autarquia assim entenderem, porque, afiança, João Paulo Martins a vontade é de permanecer: "Não sei quantos anos ficaremos aqui, mas ficaremos enquanto nos deixarem" até porque, reforça, "o espaço continua a valer a pena, não como negócio financeiro, nem de perto nem de longe, mas porque é uma carolice e um gosto".
- Nome
- Enoteca - Chafariz do Vinho
- Local
- Lisboa, São José, Rua da Mãe d'Água (Praça da Alegria)
- Telefone
- 213422079
- Horarios
- Terça a Domingo das 18:00 às 01:00
- Website
- http://www.chafarizdovinho.com
- Preço
- 30€
- Cozinha
- Portuguesa
- Espaço para fumadores
- Não