Fugas - restaurantes e bares

Joana Freitas

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Alfama toda parece uma casa Bela

Uma casa familiar

Também não é (só) de fado e poesia que vive a casa. É do ambiente de bairro, do atendimento familiar, despretensioso e simpático, da meia-luz, dos clientes habituais. É que este não é espaço para turista ver, por muito bem-vindos que os turistas sejam. A maioria da clientela é nacional, o que a proprietária sublinha com orgulho, porque "já são família, sabem o que querem e falam a nossa língua".

A decoração é uma mistura de objectos e mobiliário vindos da casa de familiares, amigos, clientes. "Não havia dinheiro e, por isso, teve de se abrir com aquilo que havia", conta Anabela. Da casa da mãe vieram os pratos e loiças antigas, "que estava sempre a dizer para deitar fora" e que agora enfeitam uma das paredes. O mobiliário foi doado por amigos, algumas cadeiras foram apanhadas no lixo, os espelhos comprados na Feira da Ladra. Uma amiga decoradora de interiores deu mais umas ideias e surgiram o candeeiro e o espelho forrados a forminhas de bolos. Até os desenhos feitos por clientes em guardanapos ou nas folhas de papel que cobrem as mesas não escaparam e, depois de emoldurados, abrilhantam as paredes.

"É uma maneira de as pessoas também ajudarem a construir [este espaço]. Costumo dizer que [o Bela] não é a minha casa. É a nossa casa, porque tem um bocadinho de cada pessoa que vem e que vai passando. Um traz um bibelô, outro traz um porta-velas, outro faz um desenho, outro traz um banco, outros uns pratos." As contribuições têm sido tantas que a proprietária já pede "que não lhe tragam mais nada".

À saída, uma tela grava dedicatórias de clientes e amigos, dando mais uma prova de que aquele é um espaço amado de Lisboa. Há reclamações descontraídas sobre a quantidade de orégãos na tosta, pedidos para aumentar o salário dos empregados (filhos da proprietária), há rimas, desejos de sucesso e, delimitado por um coração riscado a caneta, uma sensação partilhada: "Alfama é Bela."

E agora um restaurante à Bela

Ainda a cheirar a novo, eis o restaurante As Pretas, na Rua do Vigário, a dois passos do Bela Vinhos e Petiscos. A nova aposta de Anabela Paiva, inaugurado a 18 de Maio, propõe gastronomia portuguesa, simples e segundo um atendimento mais personalizado, ao sabor do que, diz Anabela, lhe "apetece cozinhar no momento" ou dos pedidos dos clientes. "O cliente diz que lhe apetece isto ou aquilo, e eu faço. Vou fazendo uns miminhos." Tem apenas algumas semanas, mas é já "uma família" e "corre muito bem", afiança.

Nome
Bela Vinhos e Petiscos
Local
Lisboa, Santo Estêvão, Rua dos Remédios, 190
Telefone
926077511
Horarios
Todos os dias das 19:00 às 04:00
Website
http://www.facebook.com/profile.php?id=100000716530758
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