Fugas - restaurantes e bares

  • Daniel Rocha
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Este Joaquim tem dom para ser um dos bons

Por Fortunato da Câmara ,

Entrou no disputado campeonato dos bons restaurantes de Évora em ano de crise. A tarefa deve ser tudo menos simples, mas em pouco mais de quatro anos o Dom Joaquim tem superado o desafio e já faz parte dos melhores da cidade.

É bom ir a uma cidade cujo centro histórico ostenta o título de Património Mundial da Humanidade e onde a preservação vai além do edificado e se estende também às memórias gustativas. Em Évora ainda é possível encontrar - felizmente -, uma mão-cheia de restaurantes de qualidade apreciável em que uma refeição saborosa pode também ser edificante. Pratos locais que testemunham a vivência das gentes e a prodigiosa imaginação de com pouco fazer tudo, com aromas e sabores genuínos de uma simplicidade desarmante.

São vários os locais onde a cozinha alentejana ainda é apresentada na sua beleza singela, sem subterfúgios ou arrivismos culinários. Em 2008, o jovem Joaquim Martins de Almeida decidiu acrescentar mais uma morada de relevo gastronómico à bem composta lista de recomendações da cidade.

O restaurante fica a poucos metros da Porta de Alconchel, mas se o acesso for de automóvel basta entrar na Porta da Lagoa (junto ao aqueduto romano), virar de imediato à direita e seguir pelas ruelas sem perder a muralha de vista do lado direito. A Rua dos Penedos tem um arco a meio caminho e o Dom Joaquim fica mesmo aí.

Um espaço confortável com apontamentos decorativos simples mas eficazes a transmitirem à sala uma harmonia entre rústico e o contemporâneo. Mesas bem apetrechadas e copos de vinhos condizentes com a aposta que a casa faz nesta área. Há uma dúzia de referências a copo bem seleccionadas na abrangência de preços e na qualidade das propostas. Nota muito positiva para o facto de as garrafas estarem devidamente acondicionadas num dispensador próprio que possibilita o serviço do vinho nas melhores condições. Na carta de vinhos há uma natural incidência de rótulos alentejanos, alguns de produtores menos conhecidos, o que é de louvar, mas as restantes regiões também estão representadas, havendo até opções dos Açores. A tónica dominante é ter preços cordatos, uma decisão com aparentes resultados, já que num almoço de semana com a casa bem composta a maioria das mesas estava a consumir vinho.

E para uma boa carta de vinhos, um menu também alargado, onde não faltam clássicos da cozinha alentejana, como a sopa de cação, a açorda de bacalhau ou o borrego assado, sem deixar de fora os vegetarianos, que também podem contar com duas sugestões de pratos. Na mesa, um cesto de pão (1,90 euros), com quatro variedades de muito boa qualidade, uma delas com azeitonas. Fora do pão, as ditas azeitonas (1,40 euros) vinham temperadas e eram miúdas, multicolores, e de óptima qualidade. Tinham aparência e sabores "reais" sem oxidações apressadas para embelezar. Os ovos de codorniz (3,50 euros) temperados com azeite, ervas e um ligeiro toque avinagrado, saborosos e muito frescos. Generosa era a dose de ovos com farinheira (6,80 euros), mexidos até ao momento certo para se manterem húmidos, e com o enchido a estar crocante antes de entrar na mistura, impedindo-o de ficar desfeito e separando os sabores e as texturas. Ainda antes dos pratos principais, chegou um pratinho de torresmos de rissol (4 euros) acabados de fritar e com cristaizinhos de sal à superfície, que estavam estaladiços e gulosos.

Nome
Dom Joaquim
Local
Évora, Évora (Sé e São Pedro), Rua dos Penedos, 6
Telefone
266731105
Horarios
Terça a Domingo das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:45
Preço
20€
Cozinha
Alentejana
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